Jonas Pinho é um dos coordenadores pedagógicos da Escola Profissional de Música de Espinho e garantiu à Lusa: "Em 1989 fomos a primeira escola portuguesa a ensinar percussão no ensino secundário, quando isso não existia sequer nas universidades, e agora também somos pioneiros porque esta é a primeira formação intensiva do género em Portugal, para estudantes dos 14 aos 19 anos".
Premiado internacionalmente enquanto músico e compositor, Aurél Hóllo lecciona no Conservatório de Música Béla Bartók de Budapeste, dá formação regular nos Estados Unidos e reconhece que estas ações intensivas "não são uma prática muito habitual na Europa, onde o mais frequente é apostar-se em masterclasses que duram só umas horas e se dirigem mais aos alunos das universidades".
Em Espinho, os 12 alunos envolvidos no programa estão a ensaiar oito horas por dias, para protagonizarem na sexta, às 18h30, um concerto de entrada livre em cujo repertório se inclui não apenas a adaptação de Aurél Holló para a suite "Ma mére l'Oye" de Ravel, mas também obras de Bánk Sáry, Béla Faragó e Lou Harrison - neste caso numa interpretação com recurso a peças de automóvel.
"Para ser honesto, penso que este tipo de curso é muito mais eficaz e bem-sucedido do que uma masteclass, porque envolve quatro ou cinco dias de trabalho", defende o percussionista húngaro. "Não é que seja muito tempo, mas é o suficiente para implantar alguma informação realmente útil nos miúdos", explica.
Entre as vantagens deste tipo de ação pedagógica, Aurél Holló destaca duas. A primeira é que o grupo Amadinda "tem uma experiência realmente grande, de 30 anos", pelo que os estudantes envolvidos no projeto vão poder beneficiar dela ainda no início das suas carreiras.
"Fico realmente entusiasmado por partilhar com estes jovens o meu conhecimento e as minhas competências", admite o músico e compositor.
A segunda vantagem é que esta formação proporciona aos estudantes de percussão uma maior familiaridade com a música de câmara, que se revela sempre uma questão delicada para essa classe de instrumentistas.
"O maior problema para um percussionista que toca música clássica é o repertório, porque as composições que ele tem que interpretar foram originalmente escritas no século XX ou antes disso, para instrumentos como piano ou violino", explica Aurél Holló.
"Isso significa que ele terá sempre que tocar uma transcrição [para instrumentos de percussão], mas continua a precisar da sensibilidade do original e de saber ouvir as outras partes da mesma peça", explica Aurél Holló. "Num solo essa capacidade de ouvir os outros não será tão evidente, mas vai fazer-lhe falta quando tocar em conjunto", conclui.
O programa de formação dirigido por Aurél Holló termina na próxima sexta-feira às 18h30 com um concerto no Auditório da Academia de Música de Espinho, casa-mãe da Escola Profissional. A entrada é livre.
@Lusa
Comentários