Estes gangues criminosos usam há anos o dinheiro que ganham com o tráfico de droga, roubos, fraudes e assassinatos para pagar downloads falsos de música lançada por artistas ligados aos criminosos, de acordo com uma investigação jornalística publicada pela Svenska Dagbladet (SvD).

Assim, eles recebem pagamentos do Spotify – a maior plataforma de música digital do mundo – e conseguem lavar o dinheiro das suas atividades ilícitas.

O jornal informou que a informação foi confirmada por quatro membros de gangues diferentes que operam em Estocolmo e com dados fornecidos por um investigador da polícia.

"Posso dizer com 100% de certeza que isso acontece. Eu próprio estive envolvido", disse um membro de um gangue, que pediu para não ser identificado, informou o SvD.

"Nós pagamos sistematicamente a pessoas para fazer isso por nós", acrescentou.

Segundo este informante, grupos criminosos convertem dinheiro de atividades ilícitas em criptomoedas bitcoin para pagar as pessoas que geram os downloads falsos.

O jornal garantiu que na Suécia um milhão de downloads gera entre 40.000 e 60.000 coroas suecas (entre cerca de 3300 e 5000 euros).

O inspetor de polícia citado pela reportagem disse que entrou em contacto com o Spotify para denunciar essa prática em 2021, mas que a empresa nunca respondeu.

"O Spotify tornou-se uma caixa automática para as gangues", disse o agente ao jornal.

Em nota à AFP, o Spotify afirmou que os downloads manipulados são "um desafio para toda a indústria" e que a empresa está "trabalhando a duramente para resolver esse problema".

A Suécia sofre episódios violentos há alguns anos devido a confrontos entre gangues e acertos de contas. Em 2022, houve 90 ataques com explosivos e 391 tiroteios, com 62 vítimas fatais, segundo dados da polícia.