"Fiquei espantada porque as pessoas no Brasil associam a música portuguesa ao fado e não conhecem outro tipo de música em Portugal. Mas há uma certa sede de conhecer outras coisas portuguesas, e nós fazemos outras coisas", afirmou à Lusa a cantora Mimicat, que se apresentou na virada e realizou dois concertos privados.

Assim como a cantora, os grupos The Black Mamba e Souls of Fire, o DJ Rui Vargas e o músico M-PeX aproveitaram a curta viagem ao Brasil, e o evento no parque Ibirapuera, para abrir portas e conhecer possibilidades de novas parcerias.

"Sinto o Brasil está a abrir mais os braços para os artistas portugueses. Tem gente a fazer todos os tipos de música no país, e sentimos que outros estilos estão a ser bem recebidos", afirmou Pedro Tanaka, vocalista e guitarrista dos The Black Mamba.

Tanaka destacou o papel de o Rock in Rio ser organizado em Lisboa, para o conhecimento entre músicos dos dois países. Baixista da banda, o brasileiro Ciro Cruz afirmou que o intercâmbio entre bandas e "managers" foi essencial para que os músicos de um país fossem reconhecidos no outro.

Mimicat e The Black Mamba realizaram concertos na passada quinta-feira, no Bourbon Street Music, que agradaram aos presentes e os motivaram a participar nos coros, a dançar e a aplaudir.

Miguel Campos, membro da banda Souls of Fire, realçou que o samba também é a música brasileira mais conhecida em Portugal, enquanto o país possui outros grupos, inclusive de reggae, de projeção internacional. O grupo apresentou-se pela primeira vez no Brasil na sexta-feira, no Bar Brahma.

A gerente de vendas Bárbara de Fátima Silva, 45 anos, deixou o ambiente onde estava a ouvir samba, para acompanhar o concerto dos portugueses, na "Virada". "Eles falam rápido e é difícil de entender, mas a música é animada e as vozes são muito boas", afirmou.

A assistente social Michele Akani, 32 anos, também aprovou. "A gente ouve falar mais do fado, o reggae foi surpreendente, mas sempre há espaço para as manifestações culturais", disse ao lado do marido, que tinha conhecido a banda em Portugal.

"No ano passado, sentiu-se um borbulhar da música em todos os géneros [em Portugal], do hip hop à eletrónica, do indie rock ao funk, com projetos inovadores em relação ao passado, apontando para o futuro. Acho que o Brasil poderia receber mais. Há muito a descobrir nas músicas portuguesas", afirmou o DJ Rui Vargas, que se apresentou na casa noturna D-Edge e no palco da Virada.

O músico M-PeX, que tocou com DJ X-Acto e André Coelho, no parque Ibirapuera e em dois concertos privados, afirmou que o seu objectivo é usar a guitarra portuguesa, instrumento tradicional e difundido no Brasil, mas misturada com sons eletrónicos, transpondo o instrumento em algo novo.

A Virada Cultural de São Paulo decorreu este fim de semana, na cidade brasileira, no parque Ibirapuera, que dedicou um espaço à cultura portuguesa, do cinema, à literatura, à música e à gastronomia.

A iniciativa, designada "Experimenta Portugal", foi organizada em parceria entre o governo municipal de São Paulo e o Consulado de Portugal na cidade.

@Lusa