
"Eu pensei neste projeto durante dez anos, e agora consegui concretizá-lo. É um trabalho completamente diferente de tudo o que fiz até hoje", disse à agência Lusa o músico de 50 anos, conhecido pelos projetos como as bandas Irmãos Catita, Ena Pá 2000 e Corações de Atum.
A “casa-duplo” foi inaugurada há cerca de uma semana, depois de ter construído a estrutura em madeira, e de ter feito a mudança do mobiliário e dos objetos pessoais da casa onde vive, em Lisboa.
Neste "trabalho árduo, que demorou três semanas", foi esvaziando a residência pessoal para preencher a instalação, onde passa os dias a pintar, e onde, a partir de março, irá ensaiar para um novo álbum, exceto às terças-feiras, quando tem de dar aulas de projeto na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha.
"Estou dentro da casa, sobretudo a pintar, e o público pode entrar e, se eu estiver com vontade, até posso conversar", indicou, acrescentando que vai aproveitar para criar obras para mostrar em várias exposições que planeia para este ano, nomeadamente uma a inaugurar em outubro, na Fundação Carmona e Costa.
O projeto "encerra uma componente autobiográfica e arqueológica do tempo presente, acabando por ser um ‘work in progress’"(trabalho em progresso), explicou.
Nesse sentido, há vários projetos previstos para decorrerem dentro da casa, como um conjunto de “performances” e de encenações de teatro sobre a vida conjugal, e desenho de modelo nu.
Outro projeto que vai tentar concretizar é "uma espécie de ‘Little Brother’, colocando tudo o que se está a passar na casa ‘online’ e num canal de televisão".
"Assim toda a gente me poderá ver e eu também", observou, acrescentando que pretende convidar amigos do teatro e da música, nomeadamente JP Simões, Filipe Mendes e os músicos dos Ena Pá 2000 e dos Irmãos Catita.
Manuel João Vieira quer também ver-se a si próprio e refletir sobre a forma como vive e vê a própria casa, como se distribuem os objetos no interior, "por vezes de formas muito misteriosas".
Até 7 de abril, o público vai poder ver o quotidiano de Vieira, olhando para o interior de uma casa sem paredes, e podendo até entrar, mas só se o artista estiver com vontade de receber visitas, no momento.
@Lusa
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