As mesmas fontes explicaram que o guitarrista morreu vítima de um ataque cardíaco quando se encontrava em Cancún, no México, tendo chegado já sem vida a um hospital da cidade.

Um amigo, Victoriano Mera, explicou que De Lúcia estava a brincar com os filhos numa praia de Cancún, cidade onde tinha uma casa, quando se começou a sentir indisposto.

José Ignacio Landaluce, alcaide de Algeciras, declarou já que a morte de Paco de Lucía é “uma perda irreparável para o mundo da cultura e para a Andaluzia”. A autarquia deverá decretar o luto oficial. A família do artista está atualmente a organizar o translado dos restos mortais do guitarrista para a sua terra natal.

Nascido em dezembro de 1947 em Algeciras, considerado um dos maiores guitarristas da história contemporânea e um dos principais responsáveis pela popularização do flamenco, Paco de Lucía foi galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias 2004.

O músico transformou-se, nas últimas quatro décadas, numa das principais ‘vozes’ da música espanhola, com concertos em dezenas de países - em Portugal tocou várias vezes.

Paco De Lúcia (Paco é diminutivo de Francisco e Lúcia era o nome da mãe, de origem portuguesa) fez pelo menos duas digressões em Portugal, a última em 2004, quando apresentou o álbum ‘Cositas Buenas’, mas no ano passado atuou para um público luso-espanhol no Festival de Fado e Flamenco (Badasom) em Badajoz.

De uma família de músicos - tem dois irmãos guitarristas e um outro cantor - colaborou ao longo da carreira com dezenas de músicos, incluindo guitarristas como Al DiMeola, John McLaughlin ou o pianista Chick Corea.

Subiu pela primeira vez a um palco com apenas 12 anos - na altura chamava-se Francisco Sánchez Gómez -, mas desde antes que já ambicionava seguir os passos do pai, também guitarrista, e dedicar-se plenamente ao flamengo.

Mas foi a partir dos anos 1960 do século passado e, especialmente na década seguinte, que o mito de Paco de Lúcia nasceu, com reintrepetações dos ritmos do flamengo que o guitarrista fundiu com outros sons, como o dos batuques, com que estreou, ao vivo, um dos seus temas mais conhecidos: ‘Entre dos aguas’.

Trabalhou com os principais nomes do flamenco em Espanha, retirou o flamenco dos ‘tablaos’ (lugares onde se realizam apenas espetáculos de flamenco) e levou-o aos grandes palcos de todo o mundo, algo que se consolidou com esse ‘hit’ de 1973, a rumba mais conhecida.

Misturou on flamenco com jazz, blues, country, salsa, bossa nova e até música hindú e música árabe, inspirando mestres de vários estilos.

Além de ser galoardo, em 2004, com o Prémio Príncipe das Astúrias - considerado o Nobel espanhol - recebeu, no mesmo ano, um Grammy pelo melhor albúm de flamenco, o Prémio Nacional de Guitarra de Arte Flamenco, a Medalha de Ouro Mérito das Belas Artes 1992, o Prémio Pastora e o Prémio da Música 2002.

@Lusa