Os recitais, durante os quais será interpretada a integral das Sonatas de Antonio Vivaldi, inserem-se no ciclo “Um músico, um mecenas”, sendo possível tocar os dois “Galrão”, “na sequência da ajuda prestada pela restauradora Elise Derochefort com aconselhamento técnico do construtor Christian Bayon”, afirma o Museu em comunicado.

A mesma fonte informa que o violoncelo Galrão de 1769 fazia parte da Coleção da Casa Real Portuguesa, que se encontrava no Palácio da Ajuda, e pertenceu ao rei D. Luís, que tocava o instrumento. O outro violoncelo é datado de 1781.

Os instrumentos vão ser interpretados pelas violoncelistas Amarilis Dueñas Castán e Esperanza Rama, num concerto com direção artística e acompanhamento do cravista João Paulo Janeiro.

Joachim Jozeph Galram, ou “Galrão”, como também assinava, foi “um fabricante muito hábil de instrumentos de cordas”, que teve a sua oficina em Lisboa durante o século XVIII, afirma o Museu, segundo o qual este construtor português se “destaca de outros, pelo requinte dos instrumentos que produziu e foi, sem sombra de dúvidas, o melhor construtor português de violinos e violoncelos do século XVIII”, apesar de se conhecer pouco da sua biografia.

“A arte de Galrão revela que não era autodidata, embora não exista nenhuma pista sobre o país onde terá aprendido. No entanto, tanto o estilo de construção como o facto de ter sido contemporâneo de músicos italianos na Capela Real, sugerem Itália como uma boa hipótese”, afirma a mesma fonte.

Segundo o Museu, instalado na estação de metropolitano dos Altos dos Moinhos, em Lisboa, há “dez instrumentos musicais deste autor com paradeiro conhecido: os cinco da coleção do Museu da Música (dois violinos, dois violoncelos e uma viola d’arco), um violoncelo que se encontra no Conservatório de Lisboa, um violino no Conservatório do Porto e três exemplares de particulares, um deles, localizado em Espanha”.

A espanhola Amarilis Dueñas iniciou-se no violoncelo aos cinco anos. Em 2008, ganhou o concurso Ruperto Chapí de Villena e obteve o primeiro prémio do XI Encontro de Novos Intérpretes de Villa de Sahagún, na modalidade cordas.

A violoncelista estreou-se em junho do ano passado, como solista de violoncelo barroco, em Portugal, com a orquestra Concerto Ibérico, da qual faz parte a violoncelista Esperanza Rama.

João Paulo Janeiro é doutorando pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, sendo as suas áreas de especialização, a obra de Francisco António de Almeida e restantes bolseiros do rei D. João V, música vocal e instrumental em Portugal no século XVIII e o património organístico português.

Janeiro é mestre em Musicologia Histórica, pela mesma faculdade lisboeta e, além de cravista, tem-se apresentado também como organista.

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