O despacho assinado pelos órgãos da Câmara Municipal do Porto, datado de 7 de setembro, dá seguimento à ordem de cessação de utilização do edifício do centro comercial Stop.

Em comunicado, os músicos e artistas daquele espaço salientam também que a petição “Em Defesa dos Músicos do CC Stop, do Porto, da Cultura e da Transparência no Processo Urbanístico”, lançada em 28 de agosto, conta já com 5.700 assinaturas, número que “dá um reforço extra de apoio por parte da opinião pública”.

A petição em defesa do Stop conta com “nomes relevantes nas mais diversas áreas”, entre os quais destacam Sérgio Godinho e Manuela Azevedo, entre outros.

“Aguardamos, entretanto, o desenrolar das negociações entre os proprietários de várias das frações do edifício e a Câmara Municipal do Porto, na esperança de um acordo que possa manter a atividade do CC Stop, dentro dos trâmites legais necessários”, referem os músicos e artistas.

O grupo reforça ainda a importância do Stop enquanto espaço de valor cultural incontornável, bem como local de trabalho de mais de 500 músicos.

Os proprietários e arrendatários do centro comercial Stop foram notificados na sexta-feira pelos serviços da Câmara Municipal do Porto de que têm até 10 dias úteis para desocupar o edifício.

Em declarações à agência Lusa, na sexta-feira, o presidente da Associação Cultural de Músicos (ACM) do Stop, Rui Guerra, afirmou que os proprietários e arrendatários foram notificados, através de um edital afixado na porta do centro comercial.

Assinado pela diretora do Departamento Municipal de Fiscalização, o edital, a que a Lusa teve acesso, informa da decisão do presidente da Câmara do Porto de “determinar a cessação da utilização do edifício, de todas as frações autónomas e do parque de estacionamento”.

“Ficam desta forma notificados (…) os proprietários, arrendatários e demais ocupantes do edifício, de todas as frações autónomas e do parque de estacionamento aberto ao público do edifício centro comercial Stop da ordem suprarreferida, a fim de cessarem a sua utilização, concedendo-se um prazo de 10 dias úteis para o efeito, a partir da data de afixação do presente edital”, refere o documento.

À Lusa, Rui Guerra admitiu, no entanto, que a saída dos músicos “pode ser reversível” se os proprietários dotarem o Stop das infraestruturas de segurança necessárias para o combate a incêndios.

O Stop, que funciona há mais de 20 anos como espaço cultural, com salas de ensaio e estúdios, viu a maioria das suas frações serem seladas em 18 de julho, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir, mas reabriu a 4 de agosto, com um carro de bombeiros à porta.

A 24 de julho, várias centenas de pessoas manifestaram-se frente à Câmara do Porto para mostrar “a real dimensão do centro cultural que é o Stop”, afirmando querer voltar ao centro comercial o mais depressa possível.

Numa manifestação onde se liam cartazes a lembrar ao Ministério da Cultura a “expropriação” do Stop, mas muitos, também, a criticar a atuação do município, na sequência da retirada de mais de 100 lojistas do espaço dias antes, o protesto seguiu ruidoso até cerca das 19h30, hora em que rumaram, a pé, até ao centro comercial, situado a poucos quilómetros.