"O que vamos fazer é pegar nas poucas peças originais que existem, recuperá-las e fazer as novas que faltam, o que é quase tudo, desde os foles, tubagem e caixa", explicou à Lusa a diretora da Rota do Românico.

A obra vai ser executada por um consórcio luso-espanhol e prevê-se que os trabalhos se prolonguem por 180 dias.

Segundo Rosário Machado, "quase que se vai reconstruir um órgão do zero", recordando ter sido no período das invasões francesas que o instrumento sofreu uma maior degradação.

"O órgão em si foi completamente destruído ao longo dos tempos", lamentou, apontando para a estrutura que resta daquele elemento patrimonial.

À Lusa, aquela responsável explicou que se tratava de "um órgão do auge do barroco, muito luminoso, trabalhado ao pormenor, mas feito de equilíbrios".

Rosário Machado falava após a assinatura do contrato entre a Associação de Municípios do Vale do Sousa (VALSOUSA), entidade gestora da Rota do Românico, e o consórcio que vai recuperar o instrumento barroco.

À cerimónia, realizada no coro-alto da igreja do mosteiro, assistiu o diretor regional de Cultura do Norte, António Ponte.

Em declarações à Lusa, destacou que as igrejas "podem também desempenhar um papel cada vez mais reforçado no domínio da ativação cultural da região".

"Estamos a fazer, por toda a região norte, um grande esforço e revitalização de órgãos de tubos em várias estruturas patrimoniais, desde Trás-os-Montes ao Minho, passando pelo Douro Litoral e até Arouca", assinalou, acrescentando: "Este esforço com os órgãos de tubos vai-nos permitir criar pequenos ou grandes circuitos de concertos mediante as especificidades de cada tipo de órgãos".

Para António Ponte, será possível, desta maneira, "rentabilizar um conjunto de músicos que possam vir, por exemplo, de Itália, França, Alemanha, ou mesmo portugueses".

"Em vez de virem fazer um concerto em Miranda do Douro, possam vir também a Cabeceiras de Basto e Pombeiro", comentou, frisando que "isso permitirá uma rentabilização de recursos financeiros muito importante".

O diretor regional assinalou também a importância de o instrumento musical, como aconteceu em Amarante, Arouca ou Cabeceiras de Basto, "permitir um enriquecimento cultural da oferta de toda a região".

O presidente da Câmara de Felgueiras e da Associação de Municípios do Vale do Sousa disse à Lusa que a intervenção hoje anunciada era "um anseio antigo", até dos executivos anteriores.

"Para os felgueirenses, será muito enriquecedor e nobre ter este mosteiro com um órgão recuperado e a funcionar", afirmou Inácio Ribeiro.

O autarca destacou a importância da recuperação daquele elemento patrimonial, mas também o que vai representar do ponto de vista de animação cultural daquele concelho do distrito do Porto.

"Teremos aqui um palco nobre, muito distinto e apelativo", declarou.

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