A primeira parte do concerto ficou ao cargo dos também bracarenses Long Way To Alaska, que se têm feito ouvir muito nos últimos tempos, marcando presença em festivais como o Indie Fest ou a Optimus D’Bandada.

Pouco passava das 21h00 quando as luzes se foram abaixo e os ânimos se elevaram, para acalorar os jovens que iriam abrir o palco para os peixe:avião. Entre agradecimentos e sinceros sorrisos, fizeram-se ouvir, numa sala longe de estar esgotada, mas cheia de gente com vontade de passar um serão de sábado à noite rodeada de boa música, músicas dos três trabalhos dos jovens - “Eastriver”, “Yonder Year” e o mais recente EP, lançado em abril deste ano, “Life Aquatic”. Memória de Peixe, The Glockenwise ou até os britânicos Two Door Cinema Club foram alguns dos projetos dos quais nos lembrámos, inevitavelmente, no decorrer da atuação.

Aquecimento feito e findo o pré-concerto, seguiu-se um intervalo de dez minutos, que levou uma debandada de público ao exterior da sala de espectáculos, ora para apanhar ar, ora para fumar um cigarro, ora para adquirir o novo CD dos peixe:avião.

Cenário mudado para receber os senhores da noite. Deram, então, entrada os cinco bracarenses. Preocupados tanto com a sonoridade como com a parte estética do espectáculo, todo o concerto contou com luzes fortes, que vagueavam pela sala, escondendo os rostos dos músicos, fazendo valer as suas silhuetas na penumbra do palco. Do micro mais imponente surgiu, então, a voz carismática de Ronaldo Fonseca, vocalista da banda. Com um tom obscuro, arrastado e pesado, cada palavra proferida era como um bala que nos entrava pela alma dentro, trespassando o corpo sem muita dificuldade.

Com vários temas do mais recente álbum chegámos a uma das músicas mais conhecidas do coletivo, "Avesso", do segundo disco da banda.Tema atrás de tema, despertou-se um público acanhado, calmo, sentado. Num ácpice, era já altura da banda se despedir e sair de palco, para depois voltar com“A Espera É Um Arame”, que animou os mais adormecidos.

Com uma carrada de aplausos em pé, elogios e assobios (dos bons) deu-se por terminada a invasão bracarense aos palcos da capital. Álbum novo apresentado, de cara lavada e alma cheia de carinho por todos os presentes - assim se despediram estes peixes de água doce, que tanto nos dão de bom, ano após ano, com cada trabalho apresentado.

Marta Ribeiro