Depois de um aquecimento morno dos Gala Drop - a banda lisboeta de rock instrumental apresentou o seu EP "Overcoat Heat"-, a sala Suggia começou a "rebentar pelas costuras" para ver Peter Hook.
Depois de ter sido uma das actuações mais aplaudidas do Festival Paredes de Coura, no ano passado, o ex-baixista dos Joy Division trouxe de novo a homenagem a Ian Curtis, vocalista da banda que celebrou 30 anos da sua morte em 2010.
"Unknown Pleasures" foi o primeiro álbum da banda britânica de punk rock que Hook reeditou e tem levado a conhecer um pouco por todo o mundo.
Os primeiros acordes na sala foram tímidos. Peter Hook e a sua banda "The Light" (A Luz) pareciam um quarteto de tios. Em Hook, de calças de ganga, sapatilhas e pólo, já se nota que a idade também por lá passou, mas a sua energia contagiante em palco continua a mesma. Constantemente de braço no ar e com o baixo a roçar os joelhos, o ex-baixista de Joy Division começou aos poucos e poucos a transformar a sala Suggia da Casa da Música num clube britânico num sábadoà noite. É não é que era mesmo sábado à noite?
"No Love Lost", "Leaders Of Men", Glass, "Digital", faziam antever um concerto muito para lá de "Unknown Pleasures".
A edição original chegou às lojas em Junho de 1979, dois meses depois de ter sido gravada e menos de um ano antes de o vocalista Ian Curtis se suicidar O disco teve relativo sucesso, no início, mas acabou por tornar-se um dos álbuns mais elogiados de sempre.
Em "Disorder" já ninguém aguentou mais estar sentado. Uma multidão de gente dirigiu-se para a frente do palco, como adolescentes extasiados, para estar mais perto de Peter Hook. Começava a ouvir-se "Unknown Pleasures".
A partir daqui o alinhamento começou a ser tal e qual o EP lançado em 1979, com "Day of The Lords", "Insight", "She´s Lost Control", "Wilderness", "Shadowplay", "I Remember Nothing". E nem a voz de Hook, às vezes com dificuldade em atingir os graves, parecia desmobilizar a multidão de corpos que se mexiam ao som das guitarradas e da bateria do quarteto.
"Love Will Tear Us Apart" levou a salaao êxtase. Uma fã emocionada, que tinha partido o coração de Peter, sobiu ao palco e, extasiada, começou a distribuir beijos pelos membros da banda. A música, cantada em uníssono, terminou da melhor forma um começo de noite muito ecléctico no Clubbing mas que, para lamento de muitos, durou pouco mais de uma hora.
Ao mesmo tempo de Peter Hook, aconteceu a actuação de Norberto Lobo, na sala 2, precedida por Samuel Úria. O cantautor da FlorCaveira trouxe o seu disco de estreia "Nem Lhe Tocava" (2009).
Terminado o concerto mais concorrido do Clubbing, a noite começava noutros espaços da Casa da Música, num registo mais electrónico. No restaurante, o já conhecido Dj Kitten, vocalista dos X-Wife, abriu a noite para os belgas The Glimmers que além dos discos têm remisturado para Bloc Party, New Order, Grace Jones ou MGMT.
Texto@Catarina Osório
Fotos@Estela Silva/Lusa
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