
"Dez anos é, de facto, muito tempo. Obrigada por terem vindo todos", disse o vocalista Thom Yorke, numa rara ocasião em que se dirigiu diretamente ao público sem ser para interpretar o repertório durante mais de duas horas.
Houve músicas para quase todos os públicos dos Radiohead, do passado e do presente, dos adolescentes que estavam nas primeiras filas e dos adultos das últimas.
Banda que se conhece muito bem em palco, os Radiohead focaram-se nas músicas mais recentes. Assim era esperado, tendo em conta o que têm tocado noutros países.
Guardaram para os "encores" uma curta viagem ao passado, com "Paranoid Android" ou "Street Spirit". Quase tudo o resto foi feito com as subtilezas da guitarra de Johnny Greenwood, de ritmos rendilhados das duas baterias, da excelente forma física da voz de Thom Yorke e de canções, como "Bloom", "Lotus Flower" e "15 Step".
Nos três dias do festival estiveram cerca de 155 mil pessoas, de acordo com a organização.
Durante o concerto dos Radiohead, as alternativas musicais eram nulas, porque fez-se silêncio em todos os outros palcos. Algumas centenas de pessoas aproveitaram para jantar, beber umas cervejas e pôr a conversa em dia, mas sempre ao som do grupo, já que era audível em todo o recinto.
Não foram só os Radiohead a terem a maior enchente de todos os concertos que deram em Portugal. O mesmo aconteceu aos portugueses Paus, os primeiros a entrar em ação no palco maior.
A banda, que tem a bateria siamesa como protagonista, gozou da vantagem de tocar no dia dos Radiohead - que esgotaram o recinto - e tiveram casa cheia para mostrar os temas do EP "É uma Água" e o primeiro álbum, "Paus". "Mudo e Surdo", "Deixa-me ser", com o guitarrista Makoto Yagyu a mergulhar na audiência, "Mete as mãos à boca" e "Tronco nu" foram quatro dos oito temas que os quatro músicos tocaram.
Seguiram-se os britânicos The Kooks, que apresentaram temas do novo álbum "Junk of the Heart", editado em setembro, mas não deixaram de fora êxitos mais antigos, como "Ooh La" e "Seaside".
No palco Heineken, o dia começou pelas 17:00 com o soul rock do norte-americano Eli "Paperboy" Reed, que arrancou com a tenda a meio gás, mas foi chamando quem começava a chegar ao festival.
Muitos ficaram depois para assistir à estreia em Portugal do britânico Miles Kane, metade dos The Last Shadow Puppets, que foi recebido pelo público com bastantes aplausos. O cantor, de camisa preta e calças justas brancas com pintas de leopardo pretas, garantiu estar "muito entusiasmado" e os espectadores responderam à altura com coros e palmas.
O palco manteve-se cheio para receber as norte-americanas Warpaint, com o público sempre a acompanhar a banda, e para os britânicos The Maccabees, também bem recebidos pela plateia e com direito aos parabéns a um dos músicos.
A música eletrónica do palco Clubbing deu este domingo lugar, pelo menos nas primeiras horas, à música portuguesa, abrindo com os Laia, que provaram que o rock mais experimental também combina com guitarras portuguesas e adufes. Entre os originais da banda houve tempo para uma versão de "Lembra-me um sonho lindo", de Fausto Bordalo Dias.
Depois dos Best Youth e de Márcia, surpreendida por ver o público a entoar as canções do disco "Dá", entrou em cena B Fachada, munido de um par de teclados e ritmos eletrónicos. "Eu sei que há músicas pedidas, eu adorava, mas infelizmente o meu karaoke não está preparado para todo o repertório", disse o músico, que fez a festa em torno do novo álbum "Criôlo", a editar no fim do mês.
Estava B. Fachada a terminar de tocar uma canção nova, "Carlos Tê", quando os Mazzy Star atuavam no palco paralelo a uns metros de distância, com a voz de Hope Sandoval embalada pela guitarra de Josh Yenne como se o tempo não tivesse passado por ela e pelas canções antigas, já que o grupo não edita disco novo desde 1996.
A noite terminou com atuações dos SBTRKT, The Kills e Metronomy no palco Heineken, e com Carbon Airways, Moulinex + Xinobi e Seth Troxler, no palco Optimus Clubbing.
@SAPO com Lusa/ Fotos @José Sena Goulão
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