Chuva, chuva e mais chuva. Tal como no primeiro dia do Primavera Sound Porto, esta quinta-feira, dia 8 de junho, o São Pedro não esteve ao lado dos festivaleiros. Com o mau tempo, o público foi chegando a conta-gotas ao recinto, mas a tempo dos primeiros concertos do final de tarde.

Pouco antes das oito da noite, Arlo Parks subiu ao Palco Porto e foi o centro de todas as atenções. Antes da artista britânica, Fumo Ninja e Núria Graham subiram ao novo palco.

De a Arlo Parks a Fred Again..: o aquecer dos motores

O tempo não poderia estar em maior sintonia com a música de Arlo Parks, que com a sua pop com influências do jazz abraça os corações mais cinzentos.

Ainda antes da chegada da estrela da noite, Michelle Zauner, a voz dos Japanese Breakfast, trouxe sorrisos e alegria ao Parque da Cidade Porto. A banda apresentou o seu mais recente álbum, “Jubilee” (2021), e contagiou o público que se juntou às dez da noite no Palco Super Bock.

FRED AGAIN
FRED AGAIN créditos: DIOGO ALMEIDA

Já em contagem decrescente para o concerto de Rosalía, às 23h30, Fred Again.. também chamou a atenção do público. Recebido em euforia por milhares de festivaleiros, o britânico de 29 anos fez uma viagem pela sua carreira e convidou todos a dançar ao som de temas como "Kyle (I Found You)", "Turn On the Lights again.." ou “Sabrina (I Am a Party)".

Mas o grande momento de festa entre fãs e artistas aconteceu na reta final e ao som de “Marea (We've Lost Dancing)”, que lhe deu destaque entre as novas estrelas do EDM.

A toda a velocidade com Rosalía

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PRIMAVERA SOUND PORTO 2023_ © Hugo Lima | hugolima.com | www.fb.me/hugolimaphotography | instagram.com/hugolimaphoto créditos: Hugo Lima / www.fb.me/hugolimaphotography

A canção de Rui Veloso diz “nunca voltes ao lugar onde já foste feliz”. Rosalía não seguiu o conselho e, pela segunda vez, voltou a brilhar no palco do Primavera Sound Porto.

Menos de um ano depois da passagem por Lisboa e Braga, a artista espanhola foi recebida em clima de festa pela multidão - nem a lama atrapalhou - e reforçou a ligação com o público português.

O sucesso de Rosalía em Portugal foi quase instantâneo. Em 2017, com o seu primeiro álbum, "Los Ángeles", no qual a voz é acompanhada apenas de uma guitarra, a artista conquistou alguns fãs, mas a fama mundial chegaria depois.

Numa dualidade essencial na sua discografia, Rosalía nunca virou as costas a outros estilos e continua inspirada pelo flamenco. A espanhola conquistou o estrelato internacional aos 25 anos, com o seu o seu segundo álbum, "El mal querer" (2018).

O disco, que ganhou o prémio de Álbum do Ano nos Grammys Latinos e triunfou noutras três categorias na mesma noite, reflete o imaginário espanhol e o flamenco de Rosalía, acompanhado voluntariamente por um tom pop e mais dançável.

Depois, de capacete, chegou a era “'Motomami”. Editado em março passado, o disco foi aclamado pela crítica e pelo público. A borboleta tornou-se marca do disco, um símbolo de transformação, tal como Rosalía canta em "Saoko": "Una mariposa, yo me transformo", "Me contradigo".

Pop, reggaeton, hip-hop, eletrónica, jazz... O álbum embarca em todos os géneros. O conteúdo desta terceira obra é, sem dúvida, o mais íntimo. Rosalía aborda a sexualidade, feminismo, espiritualidade e amor próprio. E foram esses o ingredientes da noite no Primavera Sound Porto.

Tal como em Barcelona, Rosalía abriu a noite com "SAOKO", "BIZCOCHITO" e "LA FAMA" e teve direito à recepção mais calorosa do festival.

Veja no vídeo os melhores momentos:

Entre as canções, sem timidez, a estrela da música espanhola conversou com o público e arriscou palavras em português. Com total à vontade em palco, a artista conquistou todos e cada um com o seu carisma e espontaneidade.

"Obrigado pelo todo o carinho e por todo o amor ", agradeceu antes de "DE AQUÍ NO SALES / BULERÍAS", que abriram caminho para "LA NOCHE DE ANOCHE", tema que carimbou o primeiro grande momento de comunhão entre o público e a cantora. Mas as vozes dos fãs iriam-se ouvir ainda mais alto: depois de "Linda" e "DIABLO", chegou o super-êxito mundial "DESPECHÁ" e os corpos soltaram-se para viver o momento sem pensar no amanhã.

"É oficial, 'Tuya', a minha nova canção, já saiu finalmente! Estou muito feliz porque fazer canções de coração e depois as pessoas recebem-nas assim... obrigado pelo carinho", lembrou a cantora antes de se sentar ao piano para "HENTAI".

A todo o gás (em referência ao disco “Motomami”), a espanhola acelerou a viagem pela sua carreira e apostou em "CANDY (REMIX)" e "MOTOMAMI", tema que dá nome ao último álbum.

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PRIMAVERA SOUND PORTO 2023_ © Hugo Lima | hugolima.com | www.fb.me/hugolimaphotography | instagram.com/hugolimaphoto créditos: Hugo Lima / www.fb.me/hugolimaphotography

O espetáculo calculado e coreografado ao detalhe - muito semelhante à digressão de 2022 - seguiu com “LA COMBI VERSACE”. Logo depois chegou “Con Altura” e mais um momento de celebração - entre danças, saltos e cantoria, os fãs levantaram os telemóveis para registar o momento.

Na reta final do concerto, chegaram algumas das mais recentes novidades: ao Primavera Sound, Rosalía trouxe “Beso” e “Vampiros” canções lançadas em parceria com o seu namorado, Rauw Ajenadro, e uma versão de "Hero", popular single de Enrique Iglesias.

No final, chegou “Malamente”, a única canção de "El mal querer" a entrar do alinhamento e que fez o público viajar ao passado recente da carreira da espanhola. “Chiken Teriyaki” e “'CUUUUuuuuuute” fecharam em clima de festa o celebrado regresso de Rosalía a Portugal - apesar de ter passado menos de um ano, os fãs provaram que as saudades já eram muitas.

Durante mais de uma hora e meia, Rosalía voltou a mostrar a sua força em palco e que é uma verdadeira máquina de festa (ou de fiesta). O público saiu a sorrir e a artista com um 'brilhozinho nos olhos'. O regresso certamente não tardará.