Às 23h00 ainda eram poucos os que marcavam presença na sala de espetáculos. Enquanto uns se posicionavam, timidamente,bem em frente ao palco, de forma a não perderem pitada do que estava para vir,outros - a maioria -encostavam-se às paredes, acabando por deslizar, como quem não quer a coisa,até ao chão, onde descansaram as pernas e a almaaté à entrada do coletivo de Leça em palco, cerca de meia hora depois.

A Palavrafoi a primeira música a ecoar na sala, logo seguida pela célebre Souls of Rasta, também do primeiro disco do grupo, cantada pelo público como se de um hino se tratasse, com direitoàs primeiras manifestações dançantesdo serão. Sucederam-lhes a novaPolítica do Betãoe História - também esta últimarepescada de "Comunicar" -e, com elas, a primeira pausa do concerto, destinada aos cumprimentos da praxe e à promessa de que seria um bom espetáculo, o queiria decorrer naCasa da Música durante a próxima hora. Energia, boa disposição e boa vontadenão faltavam, pelo menos.

Passou-se, então, à apresentação maciçado novo álbum, comPontas Soltas (que partilha o nome com o registo), Podia Ser Assim, A Loja, Demónio, É o Dinheiro, Esse Olhar, Más Caras e, claro, o single de avanço, É o que é - responsável pela segunda maior celebração da noite -a sucederem-se energicamente, apenas intercaladas por Justiça, o primeiro (e quase único) tema resgatado do segundo longa-duração da banda.

Tu Eras deu por terminado o «primeiro ato» e antecipou a primeira saída da banda do palco, sem antes Romano Rafael, percussionista do grupo, muito bem escondido atrás dos seus instrumentos durante toda a atuação, se juntar ao baterista para uma brincadeira, alimentada com curiosos jogos de luz.

No regresso ao palco, as atenções recaemnovamenteemRomano Rafael, que, em modo chantagem, garante a interpretação de mais músicas, apenas se todos os presentes gritarem, em alto e bom som, as palavras de ordem "Reggae Rock Roots". Miudos e graúdos fazem-lhe a vontade e o reggae regressa ao palco da Casa da Música. Com ele, Vejo-a passar, exemplar do novo disco, Sentido da Vida, do anterior "Subentender", e os últimos passos de dança da noite.

No final, os já habituais agradecimentos e cumprimentos, entre gargalhadas, sorrisos garrafas de água partilhadas e, acima de tudo,a sensação de missão cumprida. E, de repente, a Jamaica pareceu estar mesmo aqui ao lado. Pontas soltas? Nem vê-las.

Marta Ribeiro