Em causa, segundo o percussionista e fundador dos Tocá Rufar, Rui Júnior, está a construção da nova sede - a Aldeia do Bombo - que era a chave para o futuro da associação mas, devido a atrasos e revogações, o que construíram ao longo de décadas está em perigo de desaparecer.
“A presente situação resulta do atraso da construção da nova sede - vai para dois anos - a qual iria permitir a sustentabilidade desde há dois anos a esta data”, explica a Associação dos Amigos dos Tocá Rufar (ADAT) no texto que acompanha a campanha de angariação de fundos.
A ADAT, que nasceu há 28 anos para promover formação artística e cultural para a afirmação da percussão tradicional portuguesa, refere também que o município do Seixal, no distrito de Setúbal, não cumpriu com a data de conclusão da obra da Aldeia do Bombo - abril de 2022 –, pelo que a associação viu-se obrigada a revogar o contrato por não dispor de meios para fazer face aos custos excecionais da obra, perdendo deste modo todo o investimento e património já edificado.
“Os atrasos da obra levaram a que os Tocá Rufar entrassem em dificuldades financeiros insuperáveis”, disse Rui Júnior em declarações à agência Lusa, adiantando que a campanha agora lançada visa angariar 28 mil euros para que a associação possa sobreviver até setembro.
Entretanto, adiantou Rui Júnior, estão em curso diversas candidaturas a apoios comunitários, locais, regionais e nacionais de modo a assegurar a continuidade do projeto a partir do próximo ano.
"É fundamental tomarmos medidas para garantir a continuidade da associação, seja por meio de apoio financeiro, parcerias institucionais ou outras formas de suporte, a fim de preservar esta valiosa instituição e evitar o seu encerramento", refere a associação no apelo que faz.
A Câmara Municipal do Seixal, no distrito de Setúbal, lamenta em comunicado a decisão da ADAT de desistir do projeto, que lhe foi comunicada numa reunião de urgência marcada pela autarquia, e refere que está agora à procura de novas parcerias para o desenvolvimento de projetos culturais e formativos.
“Uma vez que se trata de um projeto de parceria entre duas entidades, a desistência de uma das partes determina o fim do projeto, o que a Câmara Municipal do Seixal lamenta”, refere a autarquia, adiantando que todo o edificado reverte para a câmara.
A campanha de angariação de fundos foi iniciada a 9 de abril na plataforma https://ppl.pt/causas/tocarufar, tendo sido angariados até às 19h00 de terça-feira 1.945 euros.
Entretanto, a Câmara do Seixal e a ADAT acordaram que vão continuar os projetos de parceria que estão em curso, como o projeto musical no Bairro da Cucena, que visa proporcionar às crianças e jovens a experiência de tocar com instrumentos acústicos, mobilizando todas as suas capacidades físicas e cognitivas, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Respostas Sociais – Comunidades Desfavorecidas – pelo qual a autarquia acordou pagar uma comparticipação no valor de 121.500 euros, assim como o projeto das oficinas de percussão do Curso Regular Tocá Rufar nas escolas do 1.º ciclo do ensino básico, com comparticipação financeira da autarquia de 420 mil euros, nos últimos cinco anos, e de 126.500 euros para o ano letivo 2024-2025, envolvendo quase 1.100 alunos de sete escolas do concelho do Seixal são outros dos projetos que se mantêm.
A anunciada desistência da ADAT pelo projeto Aldeia do Bombo levou recentemente o vereador do PSD na Câmara Municipal do Seixal, Bruno Vasconcelos, a enviar um requerimento ao presidente da autarquia, Paulo Silva, a pedir esclarecimentos sobre o assunto, referindo que o projeto teve já um significativo financiamento de mais de dois milhões de euros.
"Esta notícia é profundamente preocupante, não apenas pela magnitude dos recursos financeiros envolvidos, mas também pelo impacto negativo que tem na comunidade local sobre a credibilidade das instituições responsáveis. Como representante do Partido Social-Democrata no Seixal, sinto-me compelido a exigir uma resposta urgente e transparente sobre o assunto", refere o vereador no requerimento.
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