A cerimónia dos Emmys é no domingo e “Shōgun” chega com tudo a seu favor para se tornar a primeira produção não falada em inglês a vencer o prémio de Melhor Série de Drama nos chamados "Óscares da televisão".

O épico que aborda os confrontos entre dinastias nas intrincadas e letais cortes reais do Japão do século XVII deverá fazer história ao ganhar estatuetas para o seu elenco, incluindo o veterano ator Hiroyuki Sanada, na sumptuosa 76ª edição dos prémios.

Emmys: "Shōgun" bate recorde ao triunfar nas categorias Creative Arts
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"Shōgun” já mostrou o seu potencial ao obter um recorde de 14 prémios técnicos e de categorias menores que foram atribuídos no fim de semana anterior.

Outros vencedores da noite de domingo podem ser "The Bear", na segunda temporada experimental da comédia ácida ambientada na cena culinária de Chicago, e a controversa minissérie da Netflix "Baby Reindeer".

Os atores Eugene e Daniel Levy, pai e filho, serão os anfitriões da cerimónia, que começa ao fim da tarde em Los Angeles (uma da manhã de segunda-feira em Lisboa).

Baseada no romance de James Clavell, “Shōgun” lidera com 25 nomeações

Anna Sawai em “Shōgun”

Embora produzida pela FX, que faz parte da Disney, e filmada no Canadá, "Shōgun" apresenta um elenco japonês e diálogos legendados, tornando-se a segunda série em língua não inglesa a receber uma nomeação para Melhor Drama, após "Squid Game", da Coreia do Sul, há dois anos.

As previsões sugerem que Anna Sawai, além do protagonista Sanada, poderá ganhar um prémio, assim como o ator secundário Tadanobu Asano.

Com as suas vitórias nas categorias menores, "Shōgun" já superou o recorde anterior de 12 prémios estabelecido por "A Guerra dos Tronos" em número de Emmys para uma série dramática numa única temporada. É quase certo que receberá mais alguns no domingo.

A maior rival deste ano é “The Crown”. A última temporada da saga da Netflix sobre a Família Real britânica recebeu uma resposta morna da crítica, mas Elizabeth Debicki destaca-se para Melhor Atriz Secundária.

Presença latina em força

Sofia Vergara em "Griselda"

A representação latina nesta edição dos Emmys é dominada por mulheres. Sofía Vergara foi reconhecida com a nomeação para Melhor Atriz em Minissérie por interpretar o papel de uma traficante de drogas colombiana na biografia "Griselda", da Netflix.

A mexicana Nava Mau, que cativou o público com o seu papel em “Reindeer Baby”, já fez história ao ser a primeira translatina nomeda como Melhor Atriz Secundária em Minissérie.

Selena Gomez (Atriz em Comédia por "Homicídios ao Domicílio") e Liza Colón-Zayas (Atriz Secundária em Comédia por "The Bear") completam as apostas latinas da noite.

Por sua vez, o norte-americano de raízes cubanas Néstor Carbonell já foi premiado como Melhor Ator Convidado em Drama, justamente por “Shōgun”.

"The Bear" é outra vitória esperada

"The Bear"

No departamento das comédia, "The Bear" e as suas estrelas Jeremy Allen White e Ebon Moss-Bachrach parecem preparados para a glória dos Emmys.

A intensa primeira temporada da série dominou a última edição dos prémios e a ainda mais aclamada segunda desponta como uma boa candidata.

"The Bear" já ganhou sete prémios nas categorias menores antes da gala, incluindo Melhor Atriz Convidada em Comédia para Jamie Lee Curtis.

Mas a série "Hacks", da HBO, é uma potencial candidata para fazer a desfeita, com Jean Smart e Hannah Einbinder a parecerem favoritas pelos seus papéis como uma diva da comédia e a sua disfuncional assistente 'millennial'.

“Baby Reindeer” ultrapassa as polémicas?

"Baby Reindeer" créditos:

Baseado num espetáculo de um comediante escocês pouco conhecido sobre abuso sexual, “Baby Reindeer” tornou-se um super sucesso na Netflix este ano.

Rotulada como “uma história de vida verdadeira”, esta minissérie valeu à plataforma um processo de 170 milhões de dólares movido por uma mulher britânica que afirma ser a inspiração para a perseguidora violenta e obsessiva à volta de quem gira a história.

Polémicas à parte, os especialistas preveem que a produção vencerá como Melhor Minissérie e o seu criador, Richard Gadd, disputará pela estatueta de Melhor Ator com Andrew Scott (“Ripley”) e Jon Hamm (“Fargo”).

Por sua vez, Jodie Foster é a favorita para ganhar o prémio de Melhor Atriz em Minissérie pelo seu papel como polícia do Alasca em “True Detective: Night Country”.

Invulgarmente, houve duas cerimónias dos Emmys este ano, porque a do ano passado foi adiada para janeiro de 2024 devido às greves de Hollywood.

A greve de atores e argumentistas que durou meses também reduziu o número de produções lançadas a tempo de concorrer nesta edição, com as inscrições a caírem um terço.

Isso, somado ao fim de grandes concorrentes como “Succession”, podem ser uma oportunidade para novos títulos como “Fallout” ou “Mr. & Mrs. Smith”?

Em teoria sim, mas mesmo “Shōgun” é uma espécie de reedição. Uma minissérie anterior baseada no mesmo romance com Richard Chamberlain e Toshiro Mifune, transmitida em 1980, ganhou três Emmys.