"Isto não é um documentário sobre os Censurados. A minha investigação foi inquirir sobre a relevância e atualidade da banda", afirmou à agência Lusa a autora, doutorada em Estudos de Literatura e Cultura e docente em Beja.

O documentário, que tem por objetivo assinalar os 25 anos da edição do primeiro álbum, homónimo, dos Censurados, surge em consequência de um artigo dedicado à banda, que Maria João Ramos apresentou em 2014, no Porto, na conferência internacional dedicada ao punk, "Keep it simple, make it fast".

O filme reúne a maioria das entrevistas que a investigadora fez a fãs dos Censurados, vídeos com atuações da banda, registos áudio dos primeiros concertos no Rock Rendez Vous e testemunhos de três músicos do quarteto: Samuel Palitos, Orlando Cohen e Frederico "Fred" Valsassina.

João Ribas, vocalista e carismático líder dos Censurados, morreu em março de 2014, antes de Maria João Ramos concretizar o filme.

Nos depoimentos, as pessoas contactadas pela autora contam histórias sobre os Censurados, "explicam como conheceram a música e a banda e opinam sobre o lugar do grupo no panorama musical".

"O que eu aferi é que os Censurados são uma das principais bandas do punk, são o pináculo do punk português, pela inovação musical, pela forma de cantar, pelas letras, que fazem crítica social e política, mas também abordam questões que são importantes para as pessoas, pela ética DIY e pelo carisma de João Ribas", elencou a investigadora.

Na sessão de domingo, no Popular de Alvalade, estarão os três músicos dos Censurados, Orlando Cohen, Samuel Palitos e Fred Valsassina.

Surgidos em 1988, os Censurados marcaram, a par de bandas como Peste & Sida ou Mata-Ratos, a segunda geração do punk rock português, que tinha já tido uma primeira vida com nomes como Faíscas, Crise Total ou os primeiros passos dos Xutos & Pontapés.

Cruzando as referências punk inglesas do final dos anos 1970, como os Sex Pistols, com o hardcore americano dos anos 1980, mais agressivo, os Censurados editaram durante a sua existência três álbuns ("Censurados", "Confusão" e "Sopa").

A história da banda é contada na biografia "Censurados até morrer", de Augusto Figueira e Renato Conteiro, editada em 2006.

Em 1993, quando o fim da banda era já uma realidade, os Censurados tiveram o maior "banho de multidão" da sua carreira, ao actuar no Estádio José Alvalade, no concerto de tributo a José Afonso, "Filhos da Madrugada".