“Biblioteca da Censura: obras apreendidas e proibidas no Estado Novo” é uma mostra sobre os “livros que não se podiam ler durante” a ditadura, segundo informação divulgada na página da BNP.

Esta mostra revela, pela primeira vez, um conjunto de exemplares originais apreendidos e proibidos de circular pelos Serviços de Censura, que foram recuperados da sua biblioteca e que apresentam marcas e rasuras feitas pelos censores.

Apresentam-se também relatórios de leitura escritos pelos censores e algumas obras proibidas de ir à leitura na Biblioteca Nacional.

Na Sala de Projeção, os visitantes poderão ouvir a peça sonora “No Escuro e à Escuta: A Censura e a Propaganda no Estado Novo”, de Sofia Saldanha, que colige testemunhos dos escritores Luís de Sttau Monteiro, José Cardoso Pires e Bernardo Santareno, assim como telefonemas entre censores e entrevistas a pessoas anónimas.

De 1934 a 1974, a censura oficial do Estado Novo produziu mais de 10.000 relatórios de leitura aos livros de autores portugueses, lusófonos e estrangeiros, em edição original ou tradução, que entravam e circulavam em território nacional.

“De entre as obras que a Censura autorizava, aprovava com cortes, proibia, dispensava ou proibia para mais tarde autorizar, mostra-se agora uma seleção de cerca de um décimo desses raros artefactos culturais que chegaram até nós e que contam várias histórias sobre o controlo e a regulação da vida literária e cultural em Portugal, durante grande parte do século XX”, descreve a BNP.

A par da propaganda, da repressão exercida pelo Estado através da polícia política, do clima de medo e autocensura, a atuação da Censura “teve um impacto incomensurável não só no desenvolvimento das mentalidades e na vida intelectual do país, na produção e receção literárias, no quotidiano e obra dos escritores, mas também no legado que deixou às gerações vindouras”.

A exposição “Biblioteca da Censura: obras apreendidas e proibidas no Estado Novo” tem entrada livre.