O livro editado em 2014 conta com várias histórias de bastidores dos Xutos & Pontapés e com cartas de todos os membros da banda dirigidas aos fãs, a pedido do autor. O objetivo de Rolando Rebelo era homenagear o público que sempre acompanhou o grupo.
"Pedi a todos que escrevessem cartas dirigidas aos fãs, à mão, mas expliquei que tinha de ser curta, para caber numa folha A4, para ser digitalizada e colocada como fotografia no início do livro", recordou ao Observador o autor.
O escritor revelou ainda que Zé Pedro escreveu duas cartas: "Uma demasiado grande, com mais de duas páginas e a computador, e quando vi aquilo… ‘Zé tem de ser mais pequeno, muito mais pequeno, faz uma resumo disso que me mandaste'".
A carta escrita por Zé Pedro:
Aos nossos fãs agradeço porque:
São vocês que tomam os Xutos reais, e que nos fazem aguentar 35 anos de carreira neste Portugal que tanto amamos.
São vocês que nos aguentam em fases más, e são vocês que festejam connosco os triunfos que vamos conquistando.
Para todos um eterno obrigado,
porque vocês são realmente
os melhores fãs do mundo.
Zé Pedro
Xutos & Pontapés, 2014
Zé Pedro, guitarrista e fundador dos Xutos & Pontapés morreu esta quinta-feira, 30 de novembro, aos 61 anos. O músico faleceu depois de complicações decorrentes da Hepatite C de que sofria há mais de 15 anos na sua casa, em Lisboa.
Zé Pedro estava doente há vários meses, mas a situação foi sempre mantida de forma discreta pelo grupo, tendo só sido assumida publicamente em novembro, a propósito do concerto de fim de digressão da banda.
Há poucas semanas, Zé Pedro revelou que iria começar um um novo tratamento, depois de ter atuado com os Xutos & Pontapés no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. “Como sabem tenho andado na luta da vida com alguns problemas de saúde… Tentei e tento dar sempre o melhor de mim. O vosso carinho, o vosso amor, a vossa energia, toda a força que me transmitem é-me tão forte e vital que só posso humildemente agradecer", escreveu na altura nas redes sociais.
Foi talvez o maior símbolo do rock português, embaixador de um estilo teimosamente rockeiro que conseguiu manter atual aos olhos das novas gerações, e uma figura eternamente carismática, cujo enorme amor pela música caminhava de mãos dadas com a intensa boémia e a imensa simpatia que o público em geral sempre lhe reconheceu. Ninguém mais do que ele parecia estar sempre a divertir-se a cada vez que pisava um palco, fazendo de cada concerto dos Xutos & Pontapés um momento de festa, e, cada vez mais, um evento que juntava várias gerações de admiradores.
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