Árvores e telhados desabaram, quartos viraram de pernas para o ar. A residência do falecido ator norte-americano Johnny Weissmüller, o mais popular dos intérpretes de Tarzan, destaca-se entre as ruínas deixadas pelo furacão Otis no porto mexicano de Acapulco há uma semana.

Situada no topo de uma falésia na costa do Pacífico, de intensa cor fúcsia, a antiga casa foi refúgio do “rei da selva” até 1984, quando faleceu aos 79 anos.

Weissmüller ficou cativado por Acapulco quando gravou "Tarzan e as Sereias" em 1948, o último filme em que interpretou a icónica personagem.

O filme inclui uma cena com o herói a saltar do famoso rochedo "La Quebrada" para o mar (35 metros), uma manobra tradicional e arriscada que intrépidos mergulhadores realizam como espetáculo para os turistas.

O entusiasmo de Weissmüller pela estância balnear cresceu quando o também famoso ator John Wayne propôs a compra do hotel Los Flamingos, segundo informa o portal do Museu Virtual de Acapulco.

Imagen deos danos causados no interior da chamada Casa de Tarzan

O hotel em Acapulco, estado de Guerrero, México, foi um dos edifícios destruídos pelo furacão Otis, que atingiu a cidade portuária na madrugada de 25 de outubro.

O local tornou-se atrativo como um refúgio para estrelas como Elizabeth Taylor, Lana Turner, Orson Welles e Errol Flynn, que se juntavam a Wayne e Weissmüller e organizavam festas memoráveis ​​até de madrugada, escondidas dos paparazzi, nota o Travesías, outro portal especializado.

“O barulho constante das eternas festas era demasiado para Johnny, que decidiu construir uma casa afastada das restantes residências” do hotel, acrescenta a publicação virtual, referindo-se à casa redonda, cujo design se diz ser baseado nas cabanas dos seus filmes como Tarzan.

Foi ali que morreu Weissmüller, cujos restos mortais repousam no cemitério Valle de la Luz, em Acapulco.

Casa destruída

Durante anos, a casa foi atração turística do porto, que viveu uma época de ouro, principalmente nas décadas de 1950 e 1960, quando o 'jet set' internacional se juntava nos seus luxuosos hotéis.

Mas a fúria de Otis, que varreu Acapulco no dia 25 de outubro, deixando um rasto de destruição e 46 mortos e 58 desaparecidos, tirou a vivacidade majestosa da mansão, destruindo telhados, móveis e vegetação.

“Derrubou as árvores, partiu as janelas, destruiu os quartos por dentro. A piscina, que estávamos a remodelar, está destruída”, descreve Víctor Manuel Hernández, chefe administrativo do hotel Los Flamingos, à AFP.

Detritos e vegetação invadem os antigos mas requintados corredores e jardins exteriores da antiga mansão de Weissmüller, que tem uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood.

Uma placa de porcelana que diz "Casa Tarzan" ainda está pendurada nas paredes, onde também é possível ver um cartaz de "Tarzan e as Amazonas" (1945), um dos filmes protagonizados pelo artista de origem alemã da saga rodada entre a década de 1930 e 1940.

Como esta, outras 274 mil casas e 600 hotéis foram afetados pelo furacão nesta cidade de 780 mil habitantes que depende do turismo.

"O que era 'A Casa de Tarzan', 'la redonda', ficou completamente destruída", acrescentou Hernández.

A marca do jet set

As cativantes vistas panorâmicas do hotel, que afirma estar localizado no ponto mais alto da falésia, foram arruinadas pela destruição das residências vizinhas e da infra-estrutura em geral.

A marca do jet set em Acapulco não se limitou às estrelas de Hollywood.

O presidente americano John F. Kennedy passou a sua lua de mel com Jacqueline e foram rodadas cenas de "Amor em Acapulco" (1963), um filme de Elvis Presley, embora "o oei" do rock nunca tenha colocado os pés na cidade mexicana, já que a produção foi na Califórnia.

As suas praias também inspiraram o músico-poeta Agustín Lara a escrever canções de amor para a diva do cinema mexicano María Félix e o pôr-do-sol na sua baía principal é emblemático.

Mas a cidade também sofreu um declínio à medida que as favelas à volta do centro turístico se expandiam e, depois, com o surgimento de cartéis de drogas ansiosos por controlar o porto.

A Los Flamingos apenas dez dos seus quase 40 trabalhadores conseguiram regressar até agora, já que a mobilidade e as comunicações continuam afetadas.

“A situação é triste, mas temos de ser positivos”, afirmou o gerente do hotel.