Em declarações à agência Lusa, Miguel Ramos, de 40 anos, afirmou que “este álbum é a concretização feliz de um sonho”.

O álbum, já disponível nas plataformas digitais, é apresentado no dia 19 de abril, às 18:30, no Museu do Fado, em Lisboa.

Miguel Ramos, que canta há mais de 20 anos, disse que foi preciso vir “uma geração” depois da sua para reconhecer o seu trabalho, enquanto fadista.

O disco, produzido por Diogo Clemente, é constituído por 11 temas, sendo acompanhado à guitarra portuguesa por Ângelo Freire, à viola, por Diogo Clemente, à viola baixo, por Marino de Freitas, e conta ainda com a participação do músico Ashla Kinja, em udu.

“Neste CD presto homenagem a Tony de Matos, Fernando Maurício, com quem cantei e muito aprendi, e a Moniz Pereira, de quem tive o privilégio de ser amigo”, afirmou o fadista à Lusa.

O tema de Moniz Pereira (1921-2016), “Leio nos Teus Olhos”, uma criação de Lucília do Carmo, é a única recriação neste álbum, em que todos os poemas foram escritos para a voz de Miguel Ramos, disse.

“Gosto do Vento” (Tozé Brito/António Tavares Teles) é uma homenagem a Tony de Matos (1924-1989), enquanto “Meu Amor é Nuvem Branca” (Mário Rainho/José Marques Amaral) é um tributo a Fernando Maurício (1933-2003), com quem o fadista trabalhou no restaurante Os Ferreiras.

“Aqui na Alma”, de Diogo Clemente, que gravou na melodia tradicional do Fado Cravo, de Alfredo Marceneiro, é o tema que abre o álbum, que inclui ainda “Por Lisboa” (Rui Rocha/Miguel Rebelo), “Ser Antigo” (Diogo Clemente/Júlio Proença) e “É Como o Amor” (Fábia Rebordão).

O músico só lamenta não ter um tema de autoria de Jorge Fernando, seu padrinho, "por razões de agenda".

Para Miguel Ramos, que também se dedicou à viola, tendo acompanhado vários fadistas, cantar “é passar para outra dimensão, vestir outras personagens e roupagens”.

Vencedor da Grande Noite do Fado, em Lisboa, em 1996, Miguel Ramos canta desde os 14 anos. Filho do intérprete de viola Victor Ramos, recordou “tempos bem mais difíceis para o fado, em que este não era bem aceite, nem bem visto”.

“Hoje tudo mudou, felizmente, mas sinto saudades de tempos que vivi, pois vivi-os intensamente, e toquei para gente muito interessante, como a Fernanda Baptista, a Flora Pereira, a Anita Guerreiro, a Ada de Castro, para lembrar só alguns e que me ajudaram a compreender e a entrar neste mundo, pois o fado continua a ser uma tradição oral e, nesse sentido, é importante passar o testemunho de geração em geração”, disse Miguel Ramos.

O fadista realçou a importância do circuito das casas tradicionais de fado, “onde muito se aprende e é essencial antes de se enfrentar os grandes palcos”.

Miguel Ramos, de 40 anos, não tem qualquer ligação com uma parceria histórica do fado, os irmãos Casimiro e Miguel Ramos, músicos e autores de vários fados, como o Fado Alberto.

“Nada têm a ver com a minha família. Sou filho ‘do viola’ Victor Ramos, que tocou no Solar da Hermínia”, em Lisboa, da fadista Hermínia silva, esclareceu.

Miguel Ramos participou no musical “Amália”, de Filipe La Feria, como instrumentista, e depois começou a acompanhar nomes como Camané, Pedro Moutinho, Ricardo Ribeiro e Ana Sofia Varela, entre outros.

No fado aponta como referências Fernando Maurício, António Rocha, Manuel de Almeida, Carlos do Carmo, Beatriz da Conceição e Maria da Nazaré, que aponta como a sua fadista de eleição.

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