Entre os galeristas portugueses, as “expectativas são altas” e todos “fazem figas” para que no final da feira, no próximo domingo, o balanço comercial seja “positivo” e o menos possível influenciado pelo coronavírus Covid-19.

“Esta feira é muito importante para o nosso volume de negócios e também para a nossa visibilidade junto dos clientes”, disse Miguel Nabinho, da galeria com o mesmo nome, à agência Lusa.

Este comerciante de arte considera ser “natural” que o Covid-19 influencie no resultado final da feira, porque “as pessoas evitam viajar como antes” com receio de contactarem com pessoas infetadas.

“A expectativa é que corra bem e vendamos o máximo possível”, afirmou Manuel Santos, da Galeria Filomena Soares, acrescentando estar convencido que em Madrid não haverá tantos problemas como os que houve em Barcelona e que levou ao cancelamento de uma importante feira internacional.

A Mobile World Congress (MWC), a maior feira mundial de telecomunicações móveis, cujo início estava previsto para 24 de fevereiro, foi cancelada devido a sucessivas desistências dos participantes face ao receio associado ao novo coronavírus.

“Aqui há muitos estrangeiros, mas não muitos asiáticos como aconteceria em Barcelona”, explica Manuel Santos.

O galerista Pedro Cera garante que a ARCOmadrid é “muito importante para as vendas” e tem-se encontrado com “todos os colecionadores que esperava ver”, apesar de “não ter dúvidas” de que algumas pessoas vão ter receio de se deslocar ao certame.

“O vírus terá um efeito colateral. Alguma repercussão vai ter sem dúvida, mas se é importante só poderemos ver no final da feira”, afirmou Pedro Cera.

Na feira espanhola estão este ano 13 empresas portuguesas comerciantes de arte, o mesmo número de galerias de 2019.

No programa geral do certame estão a 3+1 Arte Contemporânea, Bruno Múrias, Cristina Guerra Contemporary Art, Filomena Soares, Madragoa, Francisco Fino, Pedro Cera e Vera Cortês, Nuno Centeno e Quadrado Azul; enquanto no programa Diálogos a Galeria Miguel Nabinho; e na secção ‘Opening’ a Lehmann + Silva e a Balcony, uma estreante na ARCOmadrid.

O comerciante Bruno Múrias sublinhou a importância da feira para a “rede de contactos” da empresa e espera “vender muito” num certame em que “os portugueses [se] sentem em casa”.

“Muitos colegas estão receosos com a influência do coronavírus, mas espero que não interfira muito de forma negativa nas vendas e nos contactos que vamos fazer”, resume Bruno Múrias.

Da galeria Francisco Pina, Joana Mayer também tem “expectativa alta de vender mais e poder apresentar mais artistas” aos clientes potenciais, acrescentando haver uma preocupação generalizada sobre como vai ser o impacto” na feira do Covid-19.

A visitar a feira em representação da Câmara Municipal de Lisboa esteve hoje a vereadora da Cultura e das Relações Internacionais, Catarina Vaz Pinto, que referiu a ligação da ARCOmadrid com a ARCOlisboa, a realizar em maio, e a “enorme presença de galerias portuguesas” na capital espanhola.

“É um evento marcante para a arte contemporânea portuguesa e espero que corra bem”, concluiu Vaz Pinto.

Os reis de Espanha inauguram oficialmente na quinta-feira a ARCOmadrid que abriu hoje as portas à visita dos profissionais e a partir de sexta-feira ao público.

A Feira Internacional de Madrid (Ifema), que organiza a a ARCOmadrid, aumentou nos últimos dias as medidas de higiene em vários pontos do recinto onde a feira tem lugar, disponibilizando saboneteiras sanitárias aos participantes e reforçando os serviços de limpeza das instalações, duas medidas de prevenção contra o coronavírus.

O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de pelo menos 2.763 mortos e cerca de 81 mil infetados, de acordo com dados reportados por mais de 40 países e territórios.

Além de 2.717 mortos na China, onde o surto começou no final do ano passado, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França e Taiwan.

A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.

Espanha está entre os países com nível de risco “moderado” de contágio desde a passada segunda-feira (dia 24) após a progressão do novo coronavírus em Itália e o caso de um turista italiano que esteve hospedado num hotel em Adeje (Tenerife), situação que levou ao isolamento de cerca de mil turistas alojados naquela unidade hoteleira por indicação das autoridades sanitárias.

O Ministério da Saúde espanhol anunciou hoje que o nível de risco “moderado” será mantido, de forma a garantir a identificação precoce de eventuais casos no país, que já contabiliza um total de 10 casos de infeção.