
O prémio foi criado em parceria pelo Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) e a BoCA - Bienal de Arte Contemporânea, com o objetivo de apoiar criações de jovens artistas até aos 35 anos, encorajando novos discursos sobre a evolução do conceito de performance.
A artista Odete candidatou-se com o projeto "MTF Priestesses Cutting The Bone to Reveal It’s Lie", que vai ser desenvolvido e apresentado no MAAT, até ao final deste ano, e na edição de 2021 da Boca Bienal, contando também com a participação dos artistas Tita Maravilha e Herlander.
Fonte do MAAT, contactada pela agência Lusa, sobre o número de propostas apresentadas, indicou que foram 90 os artistas que apresentaram candidaturas ao RExFORM – Projeto internacional de Performance, que incide sobre a performance "entendida enquanto prática colaborativa com ramificações que envolvem novos conceitos de teatralidade, coreografia e medialidade".
Artista multidisciplinar, Odete, nascida no Porto, em 1995, tem apresentado trabalhos na área da música, artes visuais, performance e teatro.
Concluiu o curso de Artes do Espetáculo na Academia Contemporânea do Espetáculo – Escola de Artes no Porto, em 2013, e tem também um bacharelato em Estudos Gerais pela Universidade de Lisboa.
Com "MTF Priestesses Cutting The Bone to Reveal It’s Lie", a artista “propõe uma abordagem crítica ao silêncio histórico em torno das questões do corpo, identidade de género e do mundo queer”, segundo um comunicado divulgado pelo MAAT.
Indica ainda que é o “culminar de um trabalho sobre as sombras e a política” que a artista tem vindo a desenvolver desde que começou a sua carreira.
“Quero apresentar um projeto que conspire contra a escrita da história no sentido de nela inscrever certos corpos e práticas. E essa inscrição é feita através de uma escrita mentirosa sobre o passado revelando assim as técnicas de produção da verdade dessa mesma história que nos apagou. Este projeto é, no fundo, um projeto arqueológico paranoico", descreve a artista, citada pelo museu.
O projeto é composto por três partes – um livro mágico, um videojogo e uma performance – e pretende ficcionar uma sociedade secreta que se apresenta ligada a nomes como Joana d’Arc, Eliogabalus ou Chevalier D’Eon, da qual a artista se diz descendente.
A escolha foi feita por um júri composto pela diretora do MAAT, Beatrice Leanza, a curadora sénior de performance da Tate Modern, Catherine Wood, a diretora de artes performativas do Centre Pompidou, Chloé Siganos, e o diretor artístico da BoCA, John Romão.
Na justificação da escolha, o júri escreveu: “Após um debate intenso e gratificante sobre os candidatos fortes da lista, decidimos premiar Odete porque apreciámos o facto de ela se sentir autorizada a trabalhar a nível político no espaço da arte, numa abordagem multifacetada que conjuga práticas de estúdio (pintura e desenho) com performance, e em colaboração com uma forte comunidade de pares".
Todos os anos, um júri internacional selecionará o projeto vencedor que beneficiará de financiamento, de um primeiro espaço de apresentação e de promoção nacional e internacional.
A primeira edição, em 2020, foi exclusivamente dedicada a artistas portugueses.
Ao projeto vencedor é atribuída uma bolsa de 12 mil euros destinada a apoiar a experimentação e a criação, o teste e realização de novos projetos, bem como a financiar a performance a desenvolver no âmbito do concurso.
Comentários