“Para mim, o lixo é um material para trabalhar e para criar uma mensagem para reduzir, reciclar e reutilizar o lixo e para outras pessoas verem que poderemos construir objetos bonitos a partir do lixo”, refere à agência Lusa.

Desde 2015 que este artista alemão percorre o mundo a consciencializar o planeta para que “mantenha o oceano limpo”.

Há cinco anos decidiu fixar-se na zona da Ericeira, no distrito de Lisboa, para surfar as ondas da única reserva de surf da Europa, mas também para desenvolver o projeto de educação pela arte da associação internacional Skeleton Sea, de que é um dos fundadores.

“Os surfistas passam muito tempo na água, sentem que a poluição nos oceanos está a aumentar e daí este projeto”, afirma, defendendo que “é urgente mudar os hábitos diários”.

Através da associação, promove todo o ano, mas sobretudo de inverno, ações de limpeza das praias, envolvendo escolas, e organiza oficinas, onde as crianças aprendem a separar os resíduos recolhidos e a transformá-los em brinquedos ou objetos de arte.

Artista transforma em arte lixo recolhido das praias da Ericeira

“Em Portugal, encontramos montanhas de lixo nas praias no inverno, aquando das grandes tempestades”, refere.

Grande parte desse lixo é oriundo da pesca, como boias, caixas térmicas e redes, descreve, alertando que as artes de pesca “são prejudiciais à vida marinha”, uma vez que animais como as tartarugas e os golfinhos ficam presos e acabam por não sobreviver.

Ao lixo da pesca, junta-se o doméstico, de que são exemplo as embalagens de plástico e os cotonetes: “Quando pensamos que a praia está limpa, aparecem a todo o momento”, frisa.

Com os mais variados resíduos, este artista já criou cerca de meia centena de peças de arte, que se encontram espalhadas por todo o mundo, e está a colecionar cotonetes para vir a construir uma nova peça.

“Tenho talvez uns 10 mil neste momento, mas preciso de muitos mais, porque são pequenos e quero construir uma grande peça”, explica o artista.

Entre as suas peças constam um cavalo marinho de dois metros, construído a partir de restos de cordas e de embalagens de plástico, assim como um enorme golfinho, feito a partir de restos de fatos de surf e dos sacos das pranchas.

Restos de cordas serviram-lhe já para construir um polvo, com mais de metro e meio de diâmetro, enquanto com tubos de plástico deu forma a um tubarão em tamanho real.

Artista transforma em arte lixo recolhido das praias da Ericeira

Com paus e troncos de madeira criou outro golfinho e outro tubarão e com pedaços de sacos de plástico de diferentes cores construiu uma pequena ave.

Existem também aves esculpidas nas rochas do mar ou construídas com cotonetes e esferovite, um quadro com ossos de um animal marinho, uma peça em ferro com sardinhas e uma cabeça de cavalo feita com paus e troncos de madeira.

As peças são cedidas ou vendidas sobretudo para exposições temporárias ou permanentes, como a que se encontra a decorrer no Oceanário de Lisboa.