Intitulado “As Valsas”, o programa está anunciado para as 12:00 e para as 17:00, no âmbito dos concertos de domingo da fundação, e inclui a obra a que Ravel (1875-1937) chamou “poema coreográfico”, numa homenagem à valsa de Viena e aos grandes compositores que definiram o género, como Johann Strauss II (1825-1899), o chamado "o rei das valsas", de quem será interpretada a abertura da opereta “O Morcego” e a valsa “Vida de artista".

Do alemão Richard Strauss (1864-1949) - que não tem relação alguma com o compositor vienense - será interpretada a suite de “O Cavaleiro da Rosa”. Estreada em 1911, em Dresden, pela mão de Max Reinhardt, a ópera tornou-se uma das mais conhecidas e interpretadas obras do compositor alemão. A suite de concerto congrega a abertura da ópera, valsas dos atos I e II e uma conclusão brilhante.

A valsa, como tema, marca a primeira atuação da Orquestra Gulbenkian sob a direção do regente franco-suíço Lorenzo Viotti, depois da sua indigitação, em outubro do ano passado, para maestro titular, por um período de três anos, a partir da temporada de 2018/2019.

Viotti sucede ao inglês Paul McCreesh no cargo, que o inglês ocupou de 2013 a 2016, e vai tornar-se o 14.º maestro titular da Gulbenkian, o quinto desde que a atribuição passou a durar mais do que uma ou duas temporadas, com o italiano Claudio Scimone (1979/1986).

Em comunicado divulgado na altura da nomeação, o diretor do Serviço de Música da Gulbenkian, Risto Nieminen, tinha afirmado que "Lorenzo Viotti é um músico que tem a ambição de tornar especial cada um dos seus concertos” e que tem uma capacidade natural “para fazer a música comunicar com o público".

O objetivo da nomeação do maestro, natural de Lausana, Suíça, é o de desenvolver “o perfil artístico da orquestra”, com um "repertório desde o período clássico até aos nossos dias".

Viotti, que este domingo orienta o primeiro de dois programas durante a primavera, antes de assumir funções como titular, vai trabalhar também com o Coro Gulbenkian, dirigido pelo suíço Michel Corboz.

A 13 de abril, o franco-suíço regressa pela última vez esta temporada, antes de se tornar titular, com um programa que inclui a 3.ª Sinfonia de Brahms e o 5.º Concerto para piano e orquestra, em Mi bemol maior, op.73, "Imperador", de Beethoven, que conta com o pianista israelo-americano Yefim Bronfman como solista.

Na carreira do maestro, iniciada em 2013, os prémios internacionais foram-se somando, como a vitória no Concurso Internacional de Direção de Cadaqués ou no Concurso de Direção MDR (da Mitteldeutscher Rundfunk, rádio pública centro-alemã). O número de orquestras que entretanto foi convidado a dirigir, muitas delas do grupo das chamadas "grandes orquestras mundiais", é comparável ao de regente veteranos, com carreiras mais longas.

Entre as dezenas de formações que já orientou, contam-se a Filarmónica da BBC e a Filarmónica da BBC de Manchester, a Filarmónica Real de Liverpool, a Orquestra Nacional de França e a Orquestra de Lille, a Filarmónica de Osaka e a Sinfónica de Tóquio, a Orquestra da Rádio de Munique, a Filarmónica de Roterdão e a Filarmónica de Bremen, as sinfónicas de Bamberg, de Gotemburgo e a Nacional da Dinamarca, assim como a histórica Leipzig Gewandhaus Orchestra, com mais de 200 anos, que teve em Mendelsshon um dos seus primeiros diretores musicais.

Em 2016, Viotti substituiu Franz Welser-Most na Orquestra Real do Concertgebouw de Amesterdão, num ano em que se estreou no Festival de Salzburgo, com a Orquestra Sinfónica da Rádio de Viena.

Lorenzo Viotti dirigiu pela primeira vez a Orquestra Gulbenkian, em janeiro de 2017, tendo regressado posteriormente ao auditório lisboeta para dois concertos dedicados a Mahler, com a Jugendorchester - a Orquestra de Jovens Gustav Mahler -, numa temporada que incluiu ainda vários projetos de ópera na Alemanha, França, Suíça e Japão.

Em entrevista ao Expresso, no outono passado, depois da nomeação para a orquestra de Lisboa, o maestro de 27 anos elogiou os “verdadeiros músicos” da Gulbenkian e demonstrou vontade de os “espicaçar”, confessando ainda paixão pela prática de surf e pela capital portuguesa.

Um mês depois do anúncio de Viotti, a 16 de novembro, a fundação apontou o costa-riquenho Giancarlo Guerrero para maestro convidado principal, também com início de funções na temporada de 2018/19.

Guerrero, atual diretor musical da Filarmónica de Wroclaw, na Polónia, já tinha dirigido a Orquestra Gulbenkian em vários concertos, em 2007, 2009 e em 2017.

Fundada em 1962, a Orquestra Gulbenkian, que integra cerca de 60 instrumentistas, tem ainda como diretora artística do estágio a maestrina Joana Carneiro. Lawrence Foster, maestro principal de 2002 a 2013, é o maestro emérito da Orquestra.