Com curadoria de Marcelo Cidade, a mostra irá apresentar obras dos artistas brasileiros Coxas, Kaur, Sosek e Thiago Nevs, quatro jovens artistas cuja prática atual tem origem na sua produção de rua, como o 'graffiti' ilegal mais extremo, segundo a galeria.

Esta exposição "tece uma reflexão crítica sobre o panorama presente do Brasil a partir do trabalho de quatro jovens artistas, sublinhando a vitalidade criativa do uso do espaço público na construção de linguagens singulares na cena da arte contemporânea de inspiração urbana".

"A palavra 'balbúrdia' traduz bem o momento crítico que a cultura e a educação vivem no atual contexto sociopolítico do Brasil. Usada pelo presente ministro da Educação para desacreditar e restringir a autonomia intelectual e criativa das universidades brasileiras, assim como para justificar um brutal corte no seu financiamento, acabou por ser abraçada – de forma irónica mas não menos séria – pela resistência democrática a um governo extremista que tem agudizado a polarização da sociedade e do país", descreve o curador, referindo-se ao governo presidencial, liderado por Jair Bolsonaro.

Tomada como nova palavra de ordem, "a balbúrdia tem ganho vida no espaço público, na terra de ninguém onde se trava a nova guerra cultural do Brasil".

"Se originalmente descrevia meramente uma situação caótica, hoje é assumida como catalisador entrópico para, a partir desse mesmo caos, potenciar a criação de uma nova organização social que se deseja inclusiva, tolerante, igualitária, diversa, autónoma, criativa", acrescenta.

A exposição estabelece um diálogo livre entre a obra do artista Coxas, que se inspira no caos e nos elementos que dão forma à cidade que nos são devolvidos através de objetos e esculturas, "numa linha pop subversiva com uma leitura irónica e mordaz".

Quanto à obra de Kaur, trata-se de pintura intuitiva inspirada pelo concretismo paulista de uma maneira que extrapola os limites da geometria no espaço físico da arquitetura.

A obra de Sosek, que desenvolve uma prática de desenho de observação de contornos nipónicos, traduz cenas do quotidiano paulista imbuídas de expressões características da cultura da 'pichação' (escrever nas paredes).

Thiago Nevs apresenta obras de tipografia e letrismo de natureza vernacular, e também de escultura, com marcada contestação política, e referência às tradições da arte conceptual brasileira.