"Mesmo não sendo grande, é um mercado a explorar, é mais um dentro da Europa, e Portugal tem uma cultura de banda desenhada muito forte. Queremos colocar Portugal no mapa do manga", afirmou à agência Lusa o editor brasileiro Júlio Moreno, o responsável da JBC Portugal.

"Ghost in the Shell", considerado uma das obras emblemáticas da banda desenhada distópica e de ficção científica, foi editado em 1989, no Japão, deu origem a séries e a filmes, e ganha agora uma edição nacional, com mais de 300 páginas e adaptação para língua portuguesa, pelo autor de BD André Oliveira.

A editora JBC foi criada em 1992, no Japão, para aproximar japoneses de brasileiros, expandiu-se depois para o Brasil, onde passou a editar muito do que se faz de banda desenhada japonesa, conhecida como manga.

Júlio Moreno, 49 anos, natural de São Paulo, editor da chancela brasileira, está há um mês a viver em Lisboa para acompanhar o lançamento da editora em Portugal.

"Não queremos importar manga, a filosofia é diferente. É um projeto japonês, com um DNA do Brasil, mas a banda desenhada vai ser produzir totalmente em Portugal. A primeira vez que estive em Portugal, em 2007, não tinha espaço para manga. Agora encontrei uma pujança que não via antes", afirmou Júlio Moreno.

O editor, que já foi jornalista, recordou que viveu quatro anos no Japão, onde aprendeu toda uma outra filosofia de vida e de trabalho na área da banda desenhada.

"Os japoneses têm um tipo de negociação muito lento. As relações deles não são baseadas em dinheiro, eles querem saber como você vai trabalhar, qual a sua intenção no mercado, como se comportam as outras editoras. Consegui lançar o 'Ghost in the Shell' em 2016, no Brasil, e foi com muito orgulho", contou.

Segundo Júlio Moreno, o objetivo da JBC Portugal será fazer um lançamento editorial por mês.

Nos últimos anos, tem aumentado a publicação de banda desenhada japonesa em Portugal, em parte por causa da editora Devir, fundada no Brasil, em 1987 e presente no mercado português desde 1996.

Foi por esta editora que sairam obras de, entre outros, Sui Ishida, Yusei Matsui, Kazue Kato e Masashi Kishimoto.