Cosby chegou ao tribunal pouco antes das 9h00 locais e foi rodeado por mais de 100 jornalistas que assistem ao julgamento em Norristown, uma pequena cidade da periferia a noroeste de Filadélfia, na Pensilvânia.

O ator, que está quase cego, caminhou de braço dado a uma das estrelas de "The Cosby Show", Keshia Knight Pulliam, famosa atriz da televisão que, aos cinco anos, interpretou o papel da sua filha mais nova no célebre programa que durou de 1984 a 1992.

Durante décadas, Cosby foi "o papá dos Estados Unidos", venerado por milhões de pessoas e, sobretudo, pela comunidade negra pelo seu papel como Cliff Huxtable, um afável ginecologista e pai benevolente na famosa sitcom.

No maior julgamento de uma celebridade norte-americana em muitos anos, este ator de 79 anos que foi um pioneiro ao diminuir as barreiras raciais e hoje, caído em desgraça, é acusado de ataque indecente agravado por drogar e abusar sexualmente de uma ex-chefe de uma equipa de basquetebol universitário.

Cerca de 60 mulheres acusaram Cosby publicamente de abuso sexual ao longo de quatro décadas. Mas o julgamento em Norristown será provavelmente o único contra ele, já que a maioria das supostas agressões aconteceram há muitos anos e os crimes prescreveram.

No tribunal do condado de Montgomery, um júri de 12 pessoas - apenas duas afro-americanas - decidirá a sua culpa ou inocência num julgamento que deverá durar duas semanas. Se for condenado, Cosby corre o risco de passar o resto da vida atrás das grades, já que a sentença mínima é de 10 anos, além de ter de pagar uma multa de 25 mil dólares.