No dia 7 de março, Blacci irá interpretar "Mar no Fim", da sua autoria, composta especialmente para o festival. "Já me sinto vencedora por estar no Festival da Canção. Participar da seleção para o festival da Eurovisão ao lado de tantos outros artistas que admiro é um sonho", confessa.

Tudo teve início em maio de 2021, em plena pandemia. Blacci estava na Universidade Católica, a estudar Ciência Política e Relações Internacionais, mas decidiu interromper o curso para se dedicar à música. Começou a trabalhar com um grande amigo produtor que tinha acabado de chegar de Londres. De nove meses para cá, já são mais de setenta composições, uma participação no palco Ermelinda Freitas do Festival Nossa Lisboa, a primeira parte do concerto de Luiza Sonza no palco do Capitólio, feats e parcerias com artistas portugueses e brasileiros, como Murta, Melim, Lukinhas, Max Viana e Vitão - e um contrato com a produtora Klasszik e com a gravadora Universal Music.

Nascida no Rio de Janeiro, Blacci vive desde os seis anos com os pais e irmãos na terra dos seus avós paternos e maternos. Na adolescência, destacava-se no desporto. O seu primeiro êxito na música foi “Eu Vou te Amar”, uma parceria com Murta. Outro single que merece destaque é “Nada com ele”, produzido por Glatto e editado no final de 2021. O seu novo desafio será participar do Festival da Canção ao lado de nomes como Aurea, SYRO, Fado Bicha ou Os Azeitonas.

"Sou luso-brasileira, mas sinto que sou mesmo do mundo, e minha música reflete quem eu sou, uma mistura de todas as influências que tenho”, define a artista que mistura pop, trap, R&B e outros ritmos. A versátil cantora, que também se apresenta no formato acústico, tem entre as suas influências musicais Bille Eillish, Jack Johnson, Jorja Smith, Os Tribalistas, Beatles, Drake e Eminem.

A música que Blacci escolheu para o festival é inédita e foi composta especialmente para o concurso. “Mar no Fim” é uma atual balada romântica, pois versa sobre uma grande perda. Traz na sua ficha técnica a participação dos músicos, arranjo e produção musical de Edu Monteiro, Liam Cole, Hits Mike, Gonçalo Malafaya e Iolanda Stego. Além disso, é uma canção que será interpretada em português do Brasil.

"Sou o exemplo mais puro de um caso de alguém que tanto pertence ao Brasil como a Portugal. Penso que isto acontece pelo processo de globalização que o mundo se encontra. Os laços entre os países que partilham a língua portuguesa em comum, estão cada vez mais fortes. E vale lembrar que Portugal torceu ano passado para uma linda canção dos Black Mamba, que era cantada em inglês e representou muito bem o país no Eurovisão”, relembra.

Mesmo ainda tendo que enfrentar comentários negativos e piadas sobre o seu sotaque, sendo que alguns, segundo a própria, são “mesmo maldosos”, Blacci também faz questão de destacar o quanto foi importante o festival incluir outras vertentes da língua portuguesa. "Acho que a música fala por si, e que devemos ser nós mesmos, acima de tudo. Hoje em dia a realidade é que existem pessoas com mais do que uma nacionalidade, e penso que todos devem ter os mesmos direitos como qualquer outro cidadão. Sobre a discriminação, a cantora afirma que “o mundo já tem problemas suficientes” e “abraçar o próximo” é o que devemos fazer.

Blacci vem de uma família musical e sempre cantou e compôs desde criança - teve aulas de piano e aprendeu a tocar ukulele sozinha. Para além de adorar compor e atuar nos palcos, a jovem também tem uma outra paixão, o surf. “Estar no mar liga-me ao que realmente importa: com o planeta, e comigo mesma, com a minha essência”, revela.

Após o anúncio da participação no Festival da Canção, a sua agenda não para: já se reuniu com SYRO, passou dois dias num Writting Camp com produtores de Beyoncé e Sam Smith, onde realizaram também trabalhos em conjunto com Nenny e outros artistas portugueses. Entre os dias 7 e 11 de fevereiro, recebeu o brasileiro Vitão em Portugal para a gravação do videoclipe da música que compuseram em conjunto.