“Fizemos o desafio ao senhor presidente para termos uma câmara geminada com Penafiel e fazermos uma edição do Escritaria em Cabo Verde, ou seja, promover a internacionalização do próprio conceito do Escritaria, a começar pelo Germano Almeida”, afirmou Abraão Vicente, em entrevista à agência Lusa.

Há poucas horas na cidade, onde encontrou animação de rua, nomeadamente música e teatro, e muito material gráfico alusivo à vida e à obra de Germano Almeida, o governante cabo-verdiano sugeriu que “tudo aquilo que foi produzido em Penafiel pode ser replicado num ou dois dias de programação na cidade do Mindelo ou na cidade da Praia”.

Para o titular da pasta da Cultura daquele país africano, “a programação e o impacto visual do Escritaria” em Penafiel é algo que se devia “plagiar, no bom sentido, e levar para Cabo Verde”.

À Lusa, assinalou ter já apresentado essa ideia à equipa camarária de Penafiel, no sentido de, no próximo ano, “fazer uma réplica daquilo que se fez aqui com a imagem e com a obra de Germano Almeida”.

“Creio que terá um profundo impacto na cidade de Mindelo. Hoje inauguraremos a silhueta de Germano e é algo que devíamos replicar em Cabo Verde”, reforçou.

Abraão Vicente destacou hoje, por outro lado, a “arte de bem receber” de Penafiel.

“Não só fui bem recebido, como percebi que Germano Almeida está profundamente grato e impressionado com a forma como a sua obra está a ser divulgada”, concluiu.

O presidente da Câmara de Penafiel, Antonino Sousa, disse à Lusa que promover uma réplica do festival em Cabo Verde é “um desafio muito interessante” e que o seu município vê com “entusiasmo”.

“O festival pode dar um contributo para a aproximação das comunidades que têm em comum a língua portuguesa. Há uma oportunidade imensa de criar maior proximidade entre os escritores, entre os leitores”, anotou.

O autarca português sinalizou, também, que o Escritaria, “ao final de cada edição, reúne um espólio imenso”.

“Todos os materiais que se vão produzindo, todas as peças artísticas, seja na pintura, seja nos objetos de arte de rua, criam um espólio muito interessante que deve poder ser visto por mais gente”, referiu, lamentando ser “uma pena que esse espólio chegue ao final do festival e seja arrumado”.

Agora que chegou à sua 14.ª edição, o Escritaria, defendeu o edil, “pode ganhar uma nova escala, não apenas mostrando o seu espólio nos países dos escritores homenageados, como de Mia Couto e Pepetela, mas - porque não? -, levar este espólio a Brasília ou a S. Paulo, no Brasil”.

Para o presidente da câmara, o processo de internacionalização que agora vai começar deve envolver “todas as instituições que se preocupam com a promoção da língua portuguesa e da literatura em português”, nomeadamente a Comunidade de Países de Língua Portuguesa e o Instituo Camões, que, acentuou, devem “olhar para esta iniciativa com entusiasmo”.