Rita Vian atua a 20 de agosto no Theatro Circo, a 21 de outubro no Teatro Aveirense e no dia 26 de outubro no Teatro Tivoli, de acordo com a Arruada num comunicado hoje divulgado.

Entre a eletrónica e a tradição, entre a escrita do hip-hop e o fado, a cantora portuguesa Rita Vian editou em 25 de junho o primeiro registo em nome próprio, produzido pelo músico Branko.

Rita Vian, 29 anos, que há uma década passou por um concurso televisivo de talentos, gravou com Mike el Nite, Benji Price e DJ Glue, fez parte dos Beautify Junkyards, e foi lançando canções soltas nos últimos dois anos, construídas em casa depois de um dia de trabalho como empregada de bar.

Neste EP, com selo da editora Arraial, "está o meu dia-a-dia, um pouco a crueza de escrever sobre a minha vida, entre o trabalho que tenho para pagar contas e o meu gosto pela música; o caos que é essa procura de algo que nos faça sentir que existe um propósito", afirmou Rita Vian à agência Lusa.

Com uma escrita visual e densa, e com um timbre no qual transparece o fado e a música tradicional, Rita Vian editou as canções "Diágonas", "Sereia" e "Purga", o que mais se aproxima do EP de estreia.

"Caos'a", composto por cinco temas, musicalmente "é uma mistura de géneros que estão todos fundidos em Lisboa e no meu crescimento, entre a escrita do hip-hop, entre o fado, a tragédia, o amor, a saudade e algum existencialismo a pensar nas coisas", descreveu à Lusa.

A cantora reconhece a ligação desses universos, aparentemente paralelos, à infância, das sessões de fados na casa dos avós, e à adolescência, pela influência dos amigos e do hip-hop.

"Em casa dos meus avós, sempre se cantaram fados 'a capella', e eu nunca soube que eram fados até muito tarde; para mim eram canções da minha família, (...). E na adolescência vivi sempre rodeada mais de amigos rappers, mas nunca ninguém esteve relacionado com fado nem com esse lado mais tradicional da música", recordou.

Rita Vian ainda estudou para seguir jornalismo, passou pelo Hot Clube de Portugal, pela Escola Metropolitana de Lisboa, teve aulas de piano, mas tudo foi feito de forma desprendida e com o objetivo de compreender a música que queria fazer.

"Nunca procurei um trabalho, mas uma forma de subsistir e de fazer o que me deixasse sentir o mais livre possível. [Ser empregada de bar] dá-me muito tempo para escrever, é um trabalho físico que me dá muita liberdade para fazer tudo o resto", explicou à Lusa.

Rita Vian, que recorda ter feito as primeiras gravações num canto do quarto, forrado a caixas de ovos para isolar o som, acrescenta: "Todos os dias gravo coisas de conversas cruzadas, que me dão frases muito estimulantes. E posso pegar naquilo, descontextualizar e são palavras-chave [para canções]".

Em tempo de pandemia, e estando ligada a dois setores fortemente abalados - restauração e música -, Rita Vian aproveitou o confinamento para compor, tendo daí saído o "Purga", "o verdadeiro projeto de quarentena", e a disposição para o EP "Caos'a", agora editado.