“São 17 personagens distribuídas em seis apartamentos num bairro de gente ‘remediada’, na Lisboa dos anos 1950. As suas necessidades, aspirações, quezílias, transgressões, mentiras são a principal matéria/desafio para um grande espetáculo de teatro. Tudo encerrado num espaço onde a ausência de amor é a parede mestra de cada casa e onde o fascismo à portuguesa é vivido até ao mínimo pormenor, com a polícia à espreita dentro de cada um”, afirma em comunicado Maria do Céu Guerra.
A atriz e encenadora atesta que colocar a peça em cena, “com a anuência da Fundação José Saramago”, foi “um desafio”.
“Temos a certeza que ‘Claraboia’ honrará as instituições culturais envolvidas e não menos o seu autor”, remata Maria do Céu Guerra.
Levar a peça do Nobel português à cena insere-se numa linha de programação d’A Barraca, que anteriormente produziu “As Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift, “O diabinho da mão furada”, de António José da Silva, “A Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, “A relíquia”, de Eça de Queiroz, “Gente da terceira classe”, de José Rodrigues Miguéis, “Os emigrantes”, de Ferreira de Castro, e “A balada do café triste”, de Carson McCullers.
Quanto a “Claraboia”, a ação localiza-se em Lisboa, algures num bairro popular, num prédio onde vivem um sapateiro e a sua mulher, um caixeiro-viajante casado com uma galega e o filho de ambos, um empregado da tipografia de um jornal e a mulher, uma família de quatro mulheres - duas irmãs e as duas filhas de uma delas – e um empregado de escritório, a mulher e respetiva filha, no início da idade adulta, e ainda uma "mulher por conta", no 1.º andar.
A ação é espoletada pelo aluguer de um quarto pelo sapateiro a Abel Nogueira, “personagem para o qual Saramago transpõe o seu debate - debate que 30 anos depois viria a ser o tema central do romance ‘O ano da morte de Ricardo Reis’ - com Fernando Pessoa: Podemos manter-nos alheios ao mundo que nos rodeia? Não teremos o dever de intervir no mundo, porque somos dele parte integrante?”, escreve A Barraca em comunicado.
A música original é de João Paulo Guerra, cenografia e guarda-roupa de José Manuel Costa Reis, e o elenco constituído por Maria do Céu Guerra, que se desdobra em duas personagens, Paula Guedes, Lucinda Loureiro, Hélder Costa, Carolina Parreira, Rita Soares, Teresa Mello Sampayo, Paula Sousa, Sérgio Moras, Rita Lello, Carlos Sebastião, Paula Bárcia, João Maria Pinto, Sónia Barradas, Adérito Lopes, Fernando Belo, Rúben Garcia, Henrique Abrantes e Guilherme Lopes, que alternam no papel de “Henriquinho”, o filho do caixeiro-viajante e da galega.
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