“O Leopardo-das-Neves” é um dos mais consagrados exemplares dedicados à literatura de viagem. No início dos anos 70 Matthiessen pôs-se a caminho dos Himalaias com o biólogo George Schaffer. Na bagagem levava a esperança de avistar o fugidio felino, mas também o deu lidar com as suas mágoas interiores – com o ainda recente falecimento da esposa por cancro.

Assim, muito mais do que um qualquer guia turístico que hoje pode ser facilmente encontrável na internet, Matthiessen filtra observações objetivas e descritivas com um olhar subjetivo que confere uma grandeza especial.

“Sim”, diz ao SAPO Mag o coordenador da nova coleção de viagens da editora, António Araújo, “creio que a última coisa que ele deveria querer era fazer um guia turístico assente numa ideia de linearidade do tempo e de objetividade dos lugares. Os espaços que ele descreve são reais e objetivos, sem dúvida, mas mediados pela sua experiência e pela sua consciência.

A viagem também surge numa altura em que os espíritos da contracultura ainda se voltavam para o Oriente em busca de autoconhecimento, paz interior e espiritualidade. Mas, apesar da passagem do tempo, a obra de Matthiessen encontra a sua contemporaneidade por muitas vias.

“O livro é um produto dos anos 60, sem dúvida, mas as inquietações que suscita permanecem actuais e bem vivas, até porque a contemporaneidade New Age, pós-materialista, sedenta de espiritualidades alternativas e sincréticas, tem feito uma revisitação interessante do espírito dessa década”, avalia António Araújo.

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