A informação foi divulgada hoje, em conferência de imprensa, pela direção da Associação José Afonso (AJA) - o presidente da associação, Francisco Fanhais, e o vogal João Madeira - na sede nacional desta entidade, em Setúbal.
Assinalar os 90 anos de nascimento de José Afonso, a 2 de agosto próximo, evocar os 45 aos do 25 de Abril, “não dissociando a passagem do Zeca pela cidade de Setúbal”, foram, segundo João Madeira, os fatores que estiveram na base da programação das comemorações, que fazem parte do plano de atividades da AJA para este ano.
O facto de as geografias do “poeta, andarilho e cantor” se cruzarem com Setúbal – onde se fixou, em 1967, e onde morreu, em 23 de fevereiro de 1987 – estiveram na base da escolha da cidade para a divulgação destas iniciativas da AJA, bem como na origem da elaboração de um roteiro com lugares associados ao autor de “A Morte Saiu À Rua”, sem deixar de evocar a Revolução de Abril de 1974, tão “cara” a José Afonso, e que pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal, referiu João Madeira.
O roteiro é da autoria do professor Albérico Afonso, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, e investigador do Instituto de História Contemporânea.
Além de um concerto ao ar livre com “companheiros de estrada, de estúdio e de vida” de José Afonso – cujos nomes não foram revelados por não estarem concluídos os contactos -, as comemorações do nascimento do cantor (02 de agosto de 1929, em Aveiro), integram ainda uma exposição com capas de edições discográficas de José Afonso pouco conhecidas do público, patente a partir de 21 de abril, na Casa da Cultura de Setúbal, onde decorrerão também “tertúlias” sobre a obra de José Afonso.
No dia 28 de abril, acontecerão “Baladas e Cantares do Andarilho”, pelo músico Rui Pato, que começou a acompanhar José Afonso à viola, aos 16 anos, em Coimbra, e com quem, durante a década de 1960, gravou mais de sete discos; no dia 26 de maio, a tertúlia toma “Contos velhos, rumos novos e traz outro amigo também”, com Mário Correia, autor de livros sobre José Afonso. Ambas serão moderadas pelo jornalista Viriato Teles.
O programa alarga-se às crianças, com teatro e oficinas, para “passar o legado de José Afonso às gerações mais novas”.
Para os mais novos, as ações realizam-se na Casa de Cultura, um edifício recuperado pela autarquia e que, em 1975, foi ocupado pela direção do Círculo Cultural de Setúbal, instituição “fundamental” na vida de José Afonso - onde o cantor chegou a dar espetáculos bem como aulas de alfabetização ou de várias disciplinas do antigo ciclo preparatório -, e na resistência ao Estado Novo.
As encenações teatrais para crianças têm lugar nos dias 25 e 28 de abril, e as oficinas sobre a obra do autor de “Os vampiros” para alunos do pré-escolar e ensino básico, realizam-se em julho.
A nível nacional, Francisco Fanhais sublinhou a edição de correspondência inédita entre José Afonso e a família do jornalista e fotógrafo Rocha Pato, pai de Rui Pato, além de um concerto de homenagem a Rui Pato – no Fórum Lisboa, em 16 ou 17 de novembro, conforme a disponibilidade da sala solicitada à Câmara Municipal de Lisboa.
O livro, sem data de saída, será coordenado pelo vogal da direção da AJA, presente na conferência de imprensa, João Madeira, investigador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa (UNL), e por Susana Martins, do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.
Além destas iniciativas, Francisco Fanhais admitiu a hipótese de a programação das comemorações do 90.º aniversário de nascimento de José Afonso e do 45.º aniversário do 25 de Abril de 1974 vir a “ser ampliada” ao longo deste ano, sobretudo a alguns núcleos onde a AJA está implantada.
Em território português, a AJA conta com 14 núcleos, a que acresce um em Bruxelas, e outro na Galiza, em Burgo das Nações, Santiago de Compostela, onde, em 10 de maio de 1972, José Afonso cantou, pela primeira vez, em público, "Grândola, Vila Morena", a canção que, em 1974, viria a torar-se na “segunda senha” do Movimento dos Capitães.
A AJA é uma associação cultural e cívica, formada em torno da memória e do exemplo de José Afonso, que foi apresentada publicamente em 18 de novembro de 1987.
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