As comemorações começam “já este ano”. “Amália Rodrigues faria hoje 99 anos, por isso estamos já a entrar no ano do centenário e vão já começar a decorrer algumas iniciativas em outubro”, afirmou o presidente do Conselho da Fundação Amália Rodrigues, Vicente Rodrigues, em declarações à Lusa, à margem da conferência de imprensa de apresentação do programa das comemorações, hoje à tarde em Lisboa.
A 05 de outubro, a Altice Arena, em Lisboa, volta a receber o espetáculo “Amar Amália”, que assinalou a 16 de fevereiro os 20 anos da morte da fadista. O espetáculo, que a 08 de novembro passa pelo Multiusos de Guimarães e, a 16 de novembro, pelo Pavilhão Rosa Mota, no Porto, “não vai contar só com fadistas” e será “virado para as novas gerações”.
Pelos vários palcos irão passar: Dulce Pontes, Simone de Oliveira, Paulo de Carvalho, Amor Electro, Jorge Palma, Aurea, Marco Rodrigues e Cuca Roseta, acompanhados por uma banda.
O objetivo é depois “levar o espetáculo à diáspora portuguesa e aos quatro cantos do mundo”.
Ainda em outubro, no dia 12, Amália Rodrigues será recordada no Brejão, na freguesia de São Teotónio, Odemira, onde a fadista tinha uma casa de férias, “uma porção de paraíso onde era a mulher que interagia com o povo e não a artista”, como recordou a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Odemira, Deolinda Seno Luís.
A iniciativa "Odemira recorda Amália" costuma decorrer todos os anos a 06 de outubro, data da morte da fadista, mas este ano as eleições legislativas obrigaram ao adiamento por alguns dias.
Assim, no dia 12 haverá visitas à casa de férias de Amália, uma missa campal cantada, a projeção do filme “Amália” e uma noite de fados, decorrendo as duas últimas iniciativas no Centro Sociocultural do Brejão.
Já em janeiro, no dia 14, será inaugurada uma “grande exposição” no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, que irá depois passar por outros centros comerciais do grupo Sonae.
De acordo com um dos administrador da Fundação Amália Rodrigues, Rui Órfão, trata-se de uma instalação, “um grande jardim que vai ser plantado com cem malmequeres – flor de eleição de Amália – que têm uma componente multimédia”.
“Os visitantes poderão intervir nas pétalas dos malmequeres, que serão um documento de afeto e memórias”, referiu, adiantando que “a envolver o jardim circular estará o mundo de Amália, com todas as cidades onde atuou”.
No final da exposição, “cada flor será leiloada, para que o valor arrecadado permita cumprir o legado de ajudar instituições que Amália deixou em testamento”.
Em 2020 haverá ainda uma outra exposição itinerante, para levar a fadista a todo o país, em parceria com autarquias, e ao estrangeiro.
De acordo com Rui Órfão, nesta mostra o público poderá contactar com “uma Amália menos vista, a pessoa que toda a gente conhece, mas ainda tem segredos para todas as pessoas”. Nesta exposição serão mostradas “indumentárias, adereços, fotos mais privadas, pouco vistas, e depoimentos de Amália, em vídeo”.
A estas iniciativas juntam-se “uma multiplicidade de outras”, como, segundo Vicente Rodrigues, a emissão de selos comemorativos do centenário de Amália, em parceria com os CTT, e a edição de “alguns produtos comemorativos”, como um relógio, um vinho ou uma coleção de óculos de sol.
Além disso, haverá uma Grande Gala Amália, em outubro de 2020, cujos detalhes serão anunciados mais tarde, mas que servirá de “tributo a pessoas que têm sido muito relevantes na cultura, no fado”.
Ao longo do ano, haverá também várias atividades culturais na Casa-Museu Amália Rodrigues, que é também sede da fundação, como debates e tertúlias, com o objetivo de levar “para casa da Amália os portugueses, as pessoas que gostam de Amália, que gostam de fado, para poderem apreciar a vida de uma mulher que foi ímpar, não apenas como cantora”.
“Trazer as pessoas para contribuir e dinamizar o legado que ela nos deixou”, afirmou Vicente Rodrigues.
O programa hoje apresentado não está completo - “vão surgir outras ao longo do ano”.
O presidente do conselho de administração da Fundação aproveitou a conferência de imprensa de hoje, o primeiro ato público desde que tomou posse em abril, para “olhar para o futuro”.
“Olhar para o futuro é pensar no que Amália nos deixou como legado”, afirmou Vicente Rodrigues, falando dos três objetivos deixados pela fadista no seu testamento.
O primeiro, “a criação do museu”, está cumprido.
Quanto ao segundo, “que o património fosse preservado”, Vicente Rodrigues referiu que “a Casa Museu não está suficientemente preparada para cumprir esse desiderato” e, por isso, está prevista uma “requalificação do edifício”, para a qual será necessário recorrer a apoios, públicos e privados. “Estamos convencidos que os vamos ter”, disse.
Amália Rodrigues estabeleceu como terceiro objetivo “que a fundação fosse para ajudar instituições e pessoas desfavorecidas”. E Vicente Rodrigues admitiu que a missão social “não tem sido integralmente cumprida”, visto que “há muitos anos que a fundação não dá lucro”.
“Temos de atingir este objetivo, transformar a fundação numa entidade lucrativa, para distribuir lucros. Queremos cumprir integralmente o testamento”, disse Vicente Rodrigues.
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