A peça, uma criação artística da coreógrafa Aldara Bizarro, junta em palco jovens bailarinos profissionais e jovens cujo contacto com as artes do espetáculo é “muito pouco ou nenhum”, contou à Lusa a coreógrafa.

“Peixe Dança”, que se desenvolveu durante três semanas, trabalha a “ideia de corpo e de como este está treinado para dançar e se exprimir”, disse Aldara Bizarro à margem de um ensaio de imprensa.

“O que oferece um corpo na sua forma mais pura a uma obra de dança e o que oferece um corpo que cresceu dentro da dança à mesma obra”, disse a coreógrafa, questionando o lugar de cada um, no esforço de criação.

Em palco, vestidos de cores fortes como azul, verde, amarelo ou laranja, os bailarinos, de diferentes idades e aptidões, vão-se alinhando e desalinhando “ao sabor do corpo”.

Aldara Bizarro contou que o processo não foi fácil, porque para as crianças e jovens da Casa de Acolhimento Residencial António Cândido, que participam na peça - o mais novo com cinco anos -, é “tudo muito novo”, não tendo perceção da necessidade do silêncio, da exigência e da atenção.

Estas são competências que foram, porém, conquistando, à medida que o grupo se foi criando e solidificando.

Aldara Bizarro acredita que, quando “ouvirem as palmas do público”, no final, vão perceber que “tudo fez sentido”.

A coreógrafa sublinhou que o silêncio é “essencial” para o corpo “poder falar”, dizendo que é como se a “dança fizesse a sua própria dramaturgia”.

Os corpos, uns muito bem treinados e outros nem tanto, constroem um “diálogo muito rico de dança”, transmitindo a ideia de união que envolve toda a peça, comentou.

“Em palco tentamos sempre estar muito unidos e criar a ideia de um todo, uma espécie de cardume, e ter patente a ideia de que precisamos de estar juntos para responder às situações que nos são colocadas na vida”, concluiu Aldara Bizarro.

A peça de dança “Peixe Dança” sobe ao palco na sexta-feira e no sábado, pelas 19h00, no armazém 22, em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.