Qual foi a tua fonte de inspiração para este novo álbum?

Cristina Branco (CB): Acho que sou eu própria (risos). Acho que chegando a determinada fase das nossas vidas, acabamos por achar que estamos bem com aquilo que vier. Sabes quando estás de tal forma confiante, que pode estar tudo a ruir à tua volta, mas tu continuas a saber quais são os teus objetivos? É um bocado isto. Sou eu, enquanto mãe, mulher e artista, a falar sobre mulheres. Esse é o mote do disco.

Falamos de mulheres e de pessoas crescidas, mas o álbum foi intitulado de "Menina". Porquê?

CB: Isso é porque "Menina" somos nós todas! Eu acho em qualquer idade tratam-nos como meninas. Ainda hoje me tratam por "menina" (risos). Eu acho que é algo do país inteiro, e não só na minha zona, onde as mulheres são sempre meninas, até aos seus 80 anos.

É esse o foco do álbum, as meninas de todas as idades. 

CB: Sim, eu acho que nós somos sempre meninas, mesmo que não nos chamem assim.

O que te levou a escolher a faixa "E Às Vezes Dou Por Mim", como single de apresentação deste novo álbum?

CB: Ui. Acho que foi o facto de ser a faixa que, musicalmente falando, é a que rompe mais com aquilo que já vem do passado. É aquela que dá uma apresentação diferente do disco, e que é mais direta e mais óbvia. É a mais forte e marca bem a transição com o passado.

Este teu novo álbum está repleto de colaborações: Filho da Mãe,André Henriques (Linda Martini), Cachupa Psicadélica, Mário Laginha ou António Lobo Antunes. Essa companhia não é algo de que sintas falta na tua carreira?

CB: Eu não me sinto só, não. Acho que é importante eles estarem a meu lado neste disco porque trazem uma frescura que antes não existia, e era esse o intuito do disco, para que pudesse ser fresco e diferente. Contudo, gosto profundamente de estar sozinha (risos).

Já pudeste dar a conhecer um bocado do teu novo trabalho em festivais como o Bons Sons ou o Avante. Como foi o feedback? 

CB: Correu bastante bem! Eu acho que as pessoas estão disponíveis para ouvir aquilo que temos para dizer, e isso é algo que se nota e é curioso. Mesmo antes do disco estar gravado e de nós oficializarmos as presenças no Bons Sons ou no Avante como os primeiros concertos de apresentação, nós fomos rodando algumas músicas, dentro e fora de Portugal, e é curioso a disponibilidade que o ouvido mais distraído tem para uma música que é mais leve. As pessoas param e pensam "espera lá, isto é novo!", e é por isso que estamos tão empolgados (risos).

Como te sentiste nestas primeiras apresentações? Nervosa?

CB: Ah, sim! (risos) Sentia não, sinto mesmo! Até sedimentar bem as coisas, isto leva algum tempo. E todo este nervosismo faz parte, não só antes, como bastante mais tarde. Ou seja, eu fico sempre nervosa, não há nada a fazer! (risos) Mas nestes primeiros concertos fico mesmo muito mais nervosa! Perco até a perceção de coisas que estão a acontecer à volta, e que eu se calhar devia dominar melhor, mas confesso-te que perco um bocado o domínio por estar tão focada em fazer as coisas bem feitas. É um jogo comigo própria que é bastante intenso! (risos)

Tal como já falámos, este teu álbum está marcado por uma influência mais jovem e fresca. As tuas influências ainda são as mesmas, ou algo mudou sobre os artistas e pessoas que te inspiram?

CB: Os meus ídolos do passado são sempre as minhas referências, e é sempre ali que eu vou. Isso não há nada a fazer! Mas a dada altura tu percebes que o mundo anda muito mais depressa do que andava há uns 10 ou 15 anos atrás, e antes que percas o pé, é bom que continues a caminhar, que foi algo que eu percebi com este disco. Ou seja, antes de o fazer, eu sabia que tinha de caminhar com passos mais largos do que andava a fazer até aqui. Antes, na minha geração, era preciso mais tempo para maturar as coisas, mas hoje em dia não há tempo para isso, e é preciso acelerar o passo. E estes autores (das colaborações) dão todos essa frescura necessária. Todos eles pertencem à música independente, que é indie, que acaba por ter uma tonalidade melancólica como o fado tem, mas com uma roupagem completamente diferente daquela que o fado transporta. Eles são a novidade, e é atrás deles que nós temos de correr.

Seguindo o título do teu single de apresentação, e mudando aqui o tom da nossa conversa, tu às vezes dás por ti a... (risos)

CB: A ter de correr! (risos) Sei lá, eu acho que é mesmo ter de andar mais depressa (risos).

Antes do lançamento deste novo álbum, existiu também o lançamento de um best of com CD triplo. Agora, se pudesses elaborar o best of da tua carreira em três momentos, quais seriam? 

CB: Oh... Isso é infernal! (risos) Eu não detesto, é um ótimo desafio, mas é terrível! Vamos fazer por três músicas então, já sei! A primeira é a "Sete Pedaços de Vento", que foi o primeiro êxito em Portugal. Depois o segundo pode ser... Ai... (risos). Já sei, o "Não há Só Tangos em Paris". E o mais recente... Qual é que eu hei de escolher? Espera. "E Às Vezes Dou por Mim", pode ser, por ser assim mais rock!

Tens as tuas origens em Almeirim, e embora vivas aqui, qual é aquela coisa de que sentes mais falta quando andas mais viajada e a saudade te atinge? 

CB: Uh, é mesmo o pão, sim! E de Almeirim, a caralhota (risos). Aquele pão é maravilhoso! Mas mesmo que não fosse de lá, como eu adoro pão, é mesmo o que me faz mais falta quando ando de um lado para o outro em sítios onde o pão é horrível! Dá-me uma saudade! Só queria um bocadinho de pão (risos).

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