Quarenta e quatro produções totalizam as propostas da CTA para a temporada 2018 da CTA, uma programação que, segundo o diretor da Companhia, “não devia estar a ser apresentada já que estão sujeitos à atribuição de subsídios estatais e os resultados dos concursos não deverão ser conhecidos antes de março”.

“Mesmo que consigamos obter o montante máximo dos subsídios – 400.00 euros –, igualando o que tem acontecido nos últimos nove anos, acabamos por receber o mesmo subsídio que há 21 anos”, lamentou Rodrigo Francisco.

O diretor da CTA criticou o Governo porque “depois de toda a expectativa em torno dos subsídios para as artes acabou por manter os ´plafonds`, gorando as esperanças dos responsáveis das estruturas culturais”.

“O efeito que esta política vai ter é o estiolar deste trabalho que tem sido feito de descentralização da cultura que criou públicos e que agora corre o risco de os perder”, sublinhou.

Na apresentação da temporada, a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, elogiou o trabalho da Companhia e dos autarcas que a antecederam, considerando que "sem o contributo destes e o trabalho e perseverança da Companhia, Almada não teria o melhor público de teatro de Portugal".

A apresentação da nova temporada da Companhia de Teatro de Almada ficou ainda marcada pela inauguração de uma exposição sobre os 40 anos da companhia nesta cidade da margem esquerda do Tejo, de José Manuel Castanheira, e que tem como pano de fundo o pano de boca da sala principal do Teatro Municipal Joaquim Benite, um trabalho de Pedro Calapez intitulado “A floresta” e que percorre toda a mostra.

No Dia Mundial do Teatro será inaugurada a segunda parte desta mostra, percorrendo o período compreendido entre 1988 e a atualidade. A terceira e última parte da mostra será exibida em outubro, no que Rodrigo Francisco designou como “uma viagem que continua e se tem renovado durante o Festival de Almada, num ciclo dedicado à própria companhia”.

Dez peças de outras companhias para o público adulto, sete peças da CTA para a infância e quatro acolhimentos, seis espetáculos de dança e catorze de música preenchem a programação da temporada 2018 da CTA apresentada hoje pelo diretor da Companhia, perante a plateia repleta do Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada).

“A CTA só pode apresentar uma programação desta dimensão porque tem um financiamento da Câmara Municipal de 425.000 euros, para a programação e o Festival de Teatro, e outro apoio para os espetáculos que acolhemos na ordem dos 20.000 euros. Só com o subsídio estatal era impossível a uma estrutura como esta companhia de teatro sobreviver”, frisou Rodrigo Francisco.

“Morte de um caixeiro viajante”, de Arthur Miller, com encenação de Carlos Pimenta, “A boa alma de Sé-Chuão”, de Bertolt Brecht, encenada pelo alemão Peter Kleinert – um regresso a Almada depois de em 1984 ter apresentado “A exceção e a regra”, também de Brecht, durante o Festival de Teatro, e “Mártir”, de Marius von Mayenburg, com encenação de Rodrigo Francisco, são as criações desta temporada da CTA para o público adulto.

Já para a infância, a Companhia estreará “O Romance da Raposa”, a partir da obra homónima de Aquilino Ribeiro, numa criação com dramaturgia do artista plástico Pedro Proença, encenação de Teresa Gafeira, música original de Alexandre Delgado e cenografia e figurinos de António Lagarto.

No ano em que comemora 40 anos em Almada, a CTA propõe ainda, em estreia, “Humidade”, uma encenação de Rui Madeira de um texto da dramaturga e encenadora mexicana Bárbara Colio “que, segundo o encenador, “se podia chamar ´Transumância` e que explora as zonas fronteiriças do homem”.

“O libertino passeia por Braga, a idolátrica, o seu esplendor”, uma encenação de António Olaio a partir da obra homónima de Luiz Pacheco, “Crise no parque Eduardo VII”, pela Comuna, numa versão cénica, adaptação e encenação de João Mota a partir de “I´m not Rappaport”, de Herb Gardne, “Macbeth”, na encenação de Nuno Carinhas do texto de Shakespeare, contam-se entre as peças que a CTA vai acolher esta temporada.

Além das sete propostas da CTA para o público infantojuvenil, acrescem ainda quatro peças acolhidas, entre as quais “Dança da Chuva”, pelo Elefante Elegante Teatro, e “Nunca”, pelo Teatro de Marionetas do Porto.

No que respeita à dança, de assinalar três espetáculos da Companhia Nacional de Bailado – “Passo”, “Contos do Abstrato” e outro a anunciar -, além da presença da Companhia francesa Olivier Dubois, com “Tragédie”.

Catorze espetáculos de música completam a programação desta temporada da CTA, com atuações de, entre outros, Orquestra Metropolitana de Lisboa a solo e com o Coro de Câmara Lisboa Cantat, Aldina Duarte, Samuel Úria, Orquestra Gulbenkian, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Carlão, Mayra Andrade e os espanhóis do Proyecto Voltaire.

Entretanto, a abrir a temporada, a CTA repõe a peça do dramaturgo alemão Gotthold Ephraim Lessing "Nathan, o sábio", com encenação de Rodrigo Francisco, de 12 a 18 de janeiro. Protagonizada por Luís Vicente e Maria Rueff, a peça estreou em dezembro.

Os atores João Ricardo e Guida Maria, o primeiro evocado pelo encenador Carlos Pimenta e a segunda lembrada pela presidente da Câmara local, Inês de Medeiros, foram lembrados na apresentação da programação, tendo o público 'oferecido' uma salva de palmas aos atores, que trabalharam com a Companhia.

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