“A Time Coloured Space” (Um espaço da cor do tempo), do artista francês Philippe Parreno, 52 anos, é “a primeira exposição de 2017 de Serralves” e vai ocupar “todas as salas do museu de forma dinâmica”, articulando a “arte e a arquitetura” de um espaço assinado pelo arquiteto Siza Vieira, explicou hoje a presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho.

“A Time Coloured Space” é também a primeira exposição em Portugal da obra de Philippe Parreno, artista nascido na Argélia.

Philippe Parreno, que está hoje no Porto para participar na inauguração da sua exposição, explicou aos jornalistas que o seu trabalho em Serralves é composto por milhares de balões, mas também por 200 desenhos a tinta da série Pirilampos, realizados entre 2012 e 2016 quando teve de se submeter a quimioterapia para lidar com um cancro.

Os ritmos e a frequência do som e da luz e o movimento de estores de janelas que foram programados segundo a partitura musical da Fuga n.º 24 de Dmitri Shostakovich também foram destacados por Philippe Parreno, assumindo que a ficção científica também está presente na exposição.

Questionado pela Lusa sobre qual a mensagem que queria transmitir ao público que visitasse “A Time Coloured Space”, Philippe Parreno assumiu que “quando se faz arte, está-se muito longe da comunicação, ao contrário dos jornalistas”.

“Não tenho mensagem, é muito mais pragmático do que provocar. É um museu desenhado por Siza Vieira, uma série de salas e uma série de exposições. Quando fiz esta exposição não tinha uma mensagem para transmitir. Por outro lado, há uma experiência arquitetural e espacial e temporal. É para viver esta experiência”, concluiu o artista, acrescentando que se trata de uma experiência um pouco na senda da ficção, como ir ao cinema ver e ouvir uma história.

Parreno criou para o espaço de Serralves, onde é exibido a obra “how can we know the dancer from de dance”, uma plataforma circular suspensa, onde a iluminação mapeia a constelação de estrelas sob cidade do Porto e que se trata de uma interação de um trabalho do artista de 2012 nos EUA que abordava o impacto de Marcel Duchamp na obra de artistas norte-americanos do pós-guerra, como o compositor John Cage ou o coreógrafo Merce Cunningham.

A exposição de Parreno, patente em Serralves até 07 de maio, culmina no auditório de Serralves, onde se vai poder visualizar uma projeção contínua a três dimensões que remete para a época do cinema mudo acompanhado por música ao vivo.

No auditório de Serralves, os visitantes vão poder ver um piano no palco a emitir sons do processo de aprendizagem da partitura musical da Fuga n.º 24 em Ré menor de Shostakovich.

Segundo adiantou à Lusa a diretora do Museu de Serralves e curadora da exposição, Suzanne Cotter, a produção do trabalho de Parreno foi “complexa”, envolveu uma equipa de 30 pessoas e levou cerca de três semanas para implementar nas galerias do museu.