“A volta ao mundo em 80 concertos” é o mote da programação da iniciativa, que mobiliza diferentes salas do CCB, além do pequeno e do grande auditório, que inclui os Mini Dias da Música, palestras e um mercado.
A estreia da peça “Illuminations”, de Miguel Azguime, pela Orquestra de Câmara Portuguesa, sob a direção de Pedro Carneiro, no dia 24 de abril, destaca-se da programação.
Esta 10.ª edição dos Dias da Música inspira-se no romance de Júlio Verne, “A volta ao mundo em 80 dias”, e são esperadas 20.000 pessoas, disse Elísio Summavielle, que se referiu à iniciativa como “uma marca do CCB”, que tem tido “anos de sucesso” e é “uma referência” cultural de Lisboa e do país.
Tal como nas anteriores edições, o orçamento desta é de 500.000 euros, tendo a Câmara de Lisboa participado com 70.000 euros e a Caixa Geral de Depósitos, enquanto mecenas, com 40.000, disse Miguel Leal Coelho, do conselho de administração, segundo o qual a “evolução do público tem sido constante”, apontando uma taxa de ocupação “acima dos 80%”.
Um dos grupos que se estreia no certame é a Orquestra XXI, composta exclusivamente por músicos portugueses que tocam em orquestras estrangeiras e que, sob a direção do maestro Dinis Sousa, irá interpretar o concerto “Por terras da Escócia”, constituído por peças de Felix Mendelssohn.
Outro agrupamento que se estreia é a Jovem Orquestra Portuguesa, composta por mais de cem músicos de diferentes regiões do país, que, sob a direção musical de Pedro Carneiro, apresentarão dois concertos, “O norte da Europa” e “Elogio da América”. No primeiro tocam peças de Jon Leifs e Edward Elgar, no segundo, a Sinfonia “Do Novo Mundo”, a nona de Dvorak.
Sob mote de “A volta ao mundo em 80 concertos”, a proposta é, esclareceu o programador dos Dias da Música, André Cunha Leal, dar a conhecer não só diferentes estilos musicais como “proporcionar uma viagem a determinados espaços geográficos”.
Um dos concertos que apontou como emblemático desta edição foi o da pianista Luísa Tender, “A volta ao mundo de Phileas Fogg”, em que irá interpretar “Cinco variações sobre 'Rule, Britannia'”, de Beethoven, uma dança, de Liszt, e o dueto final da ópera “Aida”, de Verdi, "Fantasia sobre 'Aida'", de Leybach, o noturno “Pagodes, Estampes”, de Debussy, “Sea pieces”, de MacDowell, e “Sete variações sobre ‘God save the king’”, de Beethoven.
Outro concerto realçado por Cunha Leal foi o de encerramento, pela Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de S. Carlos, sob a direção musical de Domenico Longo, sendo solistas a soprano Cristiana Oliveira e a meio-soprano Cátia Moreira, que abre com a quarta marcha de "Pompa e Circunstância", de Elgar, e termina também com outra marcha do mesmo ciclo do compositor britânico, a primeira, “Land of Hope and Glory”.
Elísio Summavielle realçou a importância de celebrar “a música como elemento de união entre os povos”, e realçou a participação do duo Amal, formado por dois pianistas, um israelita e outro palestiniano, que protagonizam dois concertos, ambos intitulados “Uma parceria israelo-palestiniana”.
Entre outros compositores, os pianistas vão interpretar os compositores Paul Ben Haim e Avner Dorman, de Israel, o árabe Wissam Jourbran, e canções populares judaicas e árabes.
Os Dias da Música são antecipados pelo filme/concerto “Rondó da carpideira”, no cinema S. Jorge, numa parceria com o Festival IndieLisboa.
O filme parte da investigação do etnomusicólogo Michel Giacommetti, sobre os cantares populares de várias regiões do país - um concerto multidisciplinar com vídeo de Gonçalo Tarquínio, em que o pianista Daniel Marques e o saxofonista Mário Marques, “inspirados pelas recolhas Giacometti, improvisam num jazz muito português”, explicou Cunha Leal.
O concerto de abertura desta edição de Os Dias da Música, é feito pela Orquestra Sinfónica Metropolitana, sob a batuta de Pedro Amaral, sendo solista o pianista Josep Colom. Serão interpretadas obras de Debussy, Falla e Rimsky-Korsakov.
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