O lugar voltou simbolicamente à vida com um concerto do cantor britânico Sting a 12 de novembro de 2016, na véspera do primeiro aniversário dos ataques, que causaram 130 mortos em Paris, 90 deles no Bataclan.
Os meses que se seguiram à reabertura foram muito difíceis quanto à programação, lembra o codiretor da sala, Jules Frutos, embora "as coisas se tenham restabelecido pouco a pouco".
"No primeiro trimestre de 2017, tivemos um número de espectadores muito inferior ao de um primeiro trimestre clássico", explicou, embora estes resultados não reflitam a percepção atual da sala, já que um evento "se decide com seis, nove ou 12 meses de antecedência".
Afinal, nos últimos 12 meses, o número de espetáculos organizados caiu em cerca de 20%. A taxa de ocupação, de 90%, é, no entanto, "muito satisfatória", assegura Frutos.
Enquanto se concluía a reconstrução do Bataclan, a concorrência, que já era forte em Paris, cresceu com as reaberturas do Elysée Montmartre e da Sala Pleyel, em setembro de 2016.
"A oferta é mais importante, o contexto económico é muito tenso. Mas está bem, isso obriga-nos a reagir", afirma Frutos.
"A nossa preocupação era o público"
A reação dos artistas tem sido muito distinta após o atentado, afirma o codiretor. Uns desejam atuar ali e encaram isso como um gesto militante, enquanto outros admitem que não conseguirão dar um concerto no Bataclan após o ocorrido.
Nicola Sirkis, líder do grupo francês Indochine, declarou em setembro ao jornal Le Parisien que para ele seria "vil reabrir a sala", e avaliou que deveria ser transformada num "santuário".
"Não entendo como um artista pode dizer isso, como pode dizer que uma sala deve ser um mausoléu", reage Frutos, indignado. "Mas o mais importante é o público", prossegue. "A nossa maior preocupação era essa. Foi o público o alvo do ataque, não os Eagles of Death Metal", que atuavam na noite do atentado.
"Temíamos um boicote. Queríamos ver como se comportaria o público, se se sentiria à vontade... Agora já não tememos isso, embora tragédias como o atentado de Manchester (durante um concerto da cantora pop Ariana Grande) possam fazer pensar no que aconteceu conosco", conta Frutos.
A proteção policial é permanente em redor da sala desde a sua reabertura. "Fazemos parte dos locais sensíveis para os quais se enviam agentes", explica o codiretor. "Temos falado muito com a Polícia para que o dispositivo seja menos visível que no princípio", acrescenta.
Em relação aos espetáculos, confirma-se um regresso à normalidade com cerca de 50 eventos programados para o primeiro trimestre de 2018, uma boa média, segundo Frutos.
"Estamos numa fase que tínhamos pressa em recuperar. Agora preocupamo-nos com problemas normais, os que enfrentamos no trabalho", explica.
Do último ano cheio de emoções, lembra-se de um momento insólito. "No concerto de Pete Doherty, a 17 de novembro, pensei, 'pronto, a sala acaba de renascer'. Não pelo que estava a acontecer no palco mas porque estava na casa de banho e alguém tinha destruído os sanitários. 'Pronto, está tudo bem'. Comecei a rir ali, sozinho. Quando se tem problemas assim, percebe-se que a vida voltou (ao normal)", diz.
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