A 40.ª edição do Citemor, que decorre até 11 de agosto, tem como tema "Memória e Esquecimento", sublinhando a organização que este evento "é simultaneamente o festival de teatro mais antigo do país e também aquele que se tem reinventado, desafiado pela mudança dos tempos", apostando numa programação centrada na criação contemporânea.

Desvalorizando o número redondo das 40 edições, o diretor do festival, Armando Valente, sublinha que o Citemor esteve "numa trajetória descendente", depois de anos com a sua existência em dúvida, face à ausência de financiamento do Estado.

Este ano, após voltar a ser contemplado nos apoios bianuais da Direção-Geral das Artes, torna-se mais fácil programar e avançar com residências artísticas e coproduções - uma das marcas do Citemor -, embora a organização tenha "consciência da fragilidade" do que foi construído até agora, refere.

É a música que dá hoje arranque do Citemor deste ano, que dá a conhecer ao público o búlgaro Ivo Dimchev, "detentor de uma ampla tessitura vocal", num espetáculo a solo no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), em Coimbra.

Dimchev "combina um registo operático com uma estética pop, e as suas composições revelam uma estrutura invulgar, com uma forma próxima da música expressionista", refere o festival.

Por esta edição, vão passar também a espanhola Angélica Liddell, criadora com uma "longa relação" com o Citemor, que apresenta em Montemor-o-Velho "Cuaderno de Trabajo", o músico Luís Severo, que dá um concerto na Garagem Auto Peninsular, na Figueira da Foz, e o coreógrafo Francisco Camacho, que apresenta um trabalho sobre Montemor-o-Velho, resultado de uma residência artística promovida pelo festival.

Na Figueira da Foz, vai também ser apresentado "Pontes de sal", do Teatro do Vestido, em torno das salinas daquele concelho.

"Esta será uma apresentação informal - uma primeira estação do trabalho" do Teatro do Vestido, que terá uma duração de dois anos, afirmou Armando Valente.

O resultado da residência "Pontes de Sal" ou "As mãos gretadas", que se autodefine como um "trabalho de campo para uma criação futura", com direção de Joana Craveiro, será apresentado a 10 de agosto, no Núcleo Museológico do Sal, na Figueira da Foz.

Pelo Citemor, passam ainda a dança de Inês Campos, com o espetáculo "Coexistimos", a espanhola Monica Valenciano, uma das "coreógrafas mais influentes da sua geração", com a estreia de "Imprenta acústica en (14 borrones de una) aparición", João Fiadeiro, com a criação "I am (not) here", construída a partir do imaginário da artista Helena Almeida, e os espetáculos "Sobre lembrar e esquecer", “A estação de outono” e “Paisagem”, de Paula Diogo.

No acesso a todos os espetáculos do festival é o espectador que define o preço do bilhete.