“Costuma dizer-se que quando um artista morre, há uma luz no palco que insiste em não se apagar. A luz de Eunice Muñoz, figura maior da cultura nacional, certamente, não se extinguirá para os milhões de admiradores do seu talento e arte e para as sucessivas gerações de atores que inspirou. A sua arte engrandeceu Portugal, e por tanto estamos-lhe gratos. Eunice é eterna!”, lê-se no voto de pesar subscrito por todos os deputados da Assembleia Municipal de Lisboa.
Na reunião deste órgão deliberativo do município, o voto de pesar pela morte de Eunice Muñoz, que faleceu a semana passada aos 93 anos, recebeu o aplauso de pé de todos os deputados presentes no auditório do Fórum Lisboa, seguindo-se um minuto de silêncio em sua memória e homenagem.
“Na madrugada do passado dia 15 de abril, Portugal despediu-se de uma atriz de exceção, cujo nome se confunde com o teatro português: Eunice Muñoz”, é referido no voto de pesar, lembrando-se a carreira da artista que nasceu na Amareleja, em Moura, no distrito de Beja, e que em 28 de novembro de 1941, com apenas 13 anos, subiu pela primeira vez ao palco do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.
No texto, a Assembleia Municipal de Lisboa destaca o trabalho de Eunice Muñoz no teatro e no cinema, assim como o “espírito livre e insubmisso”, em que sendo já uma figura de cartaz, abandonou a representação para trabalhar como empregada de balcão numa loja de cortiças e, posteriormente, como secretária de direção numa fábrica de cabos elétricos.
“Regressaria anos depois aos palcos, mais forte que nunca, dona agora de novas experiências fora do universo dos palcos e representação onde tinha vivido toda a sua vida, preparada para enfrentar as novas realidades e ingressar na lista dos atores que trabalhavam em televisão”, é realçado no voto de pesar.
O órgão deliberativo do município de Lisboa destaca ainda os 80 anos de carreira de Eunice Muñoz, em que deu vida a personagens em quase duas centenas de peças de teatro, participou em vários filmes dedicou-se à divulgação da poesia em discos e recitais e foi presença assídua na televisão: “Foi uma atriz completa”.
Eunice Muñoz retirou-se da carreira artística em abril de 2021, ao comemorar oito décadas de profissão, com a peça “A margem do Tempo”, encenada por Sérgio Moura Afonso, na qual contracenou com a sua neta Lídia Muñoz.
“Para além de todos os seus talentos no palco, na vida real Eunice Muñoz destacou-se pelo envolvimento em causas cívicas como a defesa dos direitos dos animais”, é lembrado no voto de pesar.
Na sexta-feira, a Câmara Municipal de Lisboa também aprovou um voto de pesar pela morte da atriz, subscrito por todos os vereadores, no qual propõe "a atribuição do nome de Eunice Muñoz a um equipamento/espaço cultural, ou a um arruamento/espaço da cidade, ou ainda sob a forma de alguma outra manifestação pública" que a "homenageie de modo perene".
Eunice Muñoz morreu a 15 de abril, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos.
O percurso de 80 anos de Eunice Muñoz, no teatro, soma mais de 120 peças, em perto de três dezenas de companhias, depois da estreia, em 28 de novembro de 1941, aos 13 anos, em "O vendaval", de Virgínia Vitorino, no Teatro Nacional D. Maria II.
No cinema e na televisão, o seu nome está associado a mais de 80 produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.
Recebeu mais de uma dezena de prémios, seis condecorações oficiais, que culminaram na Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, em 2021. Em 1990, foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Cultural.
O Governo decretou luto nacional no dia do funeral da atriz, que decorreu em 19 de abril, na Basílica da Estrela, em Lisboa.
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