A intérprete, definiu o novo álbum como o seu bilhete de identidade, e fruto de uma “redescoberta” de si própria.

“O álbum chama-se ‘Eu’ e é o meu bilhete de identidade, porque durante este tempo que estive sem gravar – que não foi muito -, mudei, tudo em mim mudou”, disse Fábia Rebordão, que resolveu emagrecer e sofreu “algumas mudanças a nível vocal”.

“A minha voz ficou diferente”, disse a cantora, acrescentando: “Eu encontrei o meu novo Eu na forma de cantar, de compor, de escrever, de ouvir e de interpretar”.

"A minha autoestima subiu e mudei a minha forma de cantar, mas eu gosto mais da minha voz assim. Tornei-me uma pessoa muito melhor e mais sensível musicalmente, e o disco salienta essa nova Fábia e uma nova musicalidade", sentenciou.

O CD “também é o resultado das minhas influências musicais, tudo que ouvi desde sempre, desde muito nova, como cresci na forma de compor e de escrever, e os amigos que fui fazendo”, disse a intérprete à Lusa.

“Eu” é o segundo álbum da fadista, que, em 2012, recebeu o Prémio Amália Revelação, e é constituído por 13 faixas, 12 delas inéditas, e uma recriação do repertório de Fernando Maurício (1933-2003), “Pergunta a quem quiseres”, de Mário Rainho, na melodia tradicional do Fado Laranjeira, de Alfredo Marceneiro.

“Este tema está dentro do alinhamento do CD e, porque tive o privilégio, aos 15 anos, de trabalhar com o Fernando Maurício, o ‘rei do fado’, o que foi uma aprendizagem muito importante, que me influenciou absolutamente, não queria deixar passar esta homenagem ao Fernando [Maurício]”, afirmou.

Entre os inéditos, Jorge Fernando é o autor mais cantado, assinando a música e letra de três temas, nomeadamente o da abertura do CD, “Falem agora”, e ainda o poema “Qualquer dia”, musicado por Rui Veloso, e dois poemas musicados pela própria Fábia Rebordão, “Insistência” e “Não sei dizer”.

Fábia Rebordão assina letra e música de “Duração” e “Retorno”.

Outros autores que participam são Tozé Brito, com “Canção do amor para sempre”, Pedro Silva Martins, que assina “Suspiro”, Dino d’Santiago, “Génese da libertação”, e ainda Rui Rocha e Miguel Rebelo, autores de “Alice”, um tema que conta com a participação especial de Custódio Castelo, na guitarra portuguesa.

A cantora é acompanhada por diferentes instrumentos, da guitarra portuguesa à Fender Rhodes, passando por percussões, harmónio, programação, flauta, fagote ou clarinete.

“Uma tentativa de música de fusão com o fado”, disse, justificando em seguida: “Desde que Amália [Rodrigues, de quem é prima] levou o fado aos quatro cantos do mundo e Mariza lhe seguiu as pisadas, e outros fadistas em seguida, as pessoas quiseram experimentar a fusão, com outros instrumentos, com outras sonoridades, e isso é o que se tem feito ultimamente”.

Fábia Rebordão realçou que, não querendo fazer “o mesmo que Mariza e Ana Moura fazem, brilhantemente”, buscou a sua própria identidade musical, e acha que conseguiu.