“Neste espetáculo farei uma ‘viagem musical’ pelos meus cinco álbuns, desde o primeiro álbum, ‘Fados e Baladas’, que foi produzido por José Cid, e irei interpretar temas emblemáticos do meu repertório e apresentarei alguns inéditos”, disse o fadista à Lusa.

João Chora é acompanhado pelos músicos Hugo Edgar, na guitarra portuguesa, André Santos, na viola, e o espetáculo conta com a “participação especial” dos Fandanguistas de Riachos.

O fadista integra um grupo de vozes e músicos de fado do Ribatejo que “impregna um cunho próprio” à canção de Lisboa, na qual João Chora procura “marcar a diferença, ao impor um estilo próprio”.

João Chora aponta “a envolvência e ambiência do [rio] Tejo e da campina como marcantes nos temas fadistas ao lado da festa brava e da lide do campo”.

“Pode parecer um chavão, mas creio que, nesta altura, tenho já um estilo próprio, que é aquilo que nos diferencia uns dos outros, e me permite até cantar temas de outros repertórios como ‘O amor é louco’, de Carlos Ramos, sem imitar”, afirmou.

Carlos Ramos e Carlos do Carmo são dois dos fadistas de quem João Chora reconhece influências e aprecia, ao lado de Carlos Zel e João Ferreira-Rosa.

No CD celebrativo dos 25 anos de Carlos Ramos, gravou “O Amor é Louco”, de Carlos do Carmo, “Fado Varina”, e, de Carlos Zel, “Eu quero ter eternamente este segredo”, e ainda, de Maria da Fé, “O que é que eu digo à saudade”.

Sobre este último fado, que é uma criação de Maria da Fé, João Chora justificou à Lusa da seguinte forma a opção: “É daqueles fados que se gosta logo à primeira e que as pessoas se habituaram a ouvir na minha voz e que marca o meu percurso, e daí o ter integrado no CD”.

O fadista referiu, como “ponto alto da carreira”, a digressão que fez aos Países Baixos, em 2002. “Foram salas cheias, que adoravam o fado, foi uma experiência fabulosa, em que, de facto, me senti artista”, desabafou o fadista que reconhece “não ser tão reconhecido em Portugal, como talvez merecesse”.

João Chora, de 57 anos, afirmou que o “fado fez sempre parte” da sua vida, mas começou por ser “menino de coro” na paróquia da Chamusca, integrou depois um grupo de baile, antes de, na segunda metade da década de 1980, começar a conviver com nomes do fado e a aprender a tocar fado, a aprender as músicas e a informar-se, mas havia já “um percurso muito caseiro de tertúlias fadistas com amigos”, entre eles os músicos Carlos Lisboa e Custódio Castelo.

“A primeira casa de fados a que fui em Lisboa foi o ‘Fado Menor’, onde cantavam, entre outros, o Tony de Matos, a Lídia Ribeiro, e o Camané”, recordou.