A informação foi avançada pelo diretor da Companhia de Teatro de Almada (CTA), anfitriã do festival, numa cerimónia realizada na sexta-feira no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada.

“Festejamos os 50 anos e acertamos o passo com aquela que é uma das nossas características, que é a programação internacional. Este ano, praticamente, 50 por cento dos espetáculos vêm de fora”, acrescentou Rodrigo Francisco à agência Lusa, no final da apresentação da programação.

Esta é “uma marca distintiva deste festival que foi pioneiro na apresentação de espetáculos estrangeiros no nosso país, nos anos de 1990, numa altura em que não era assim, e o Festival de Almada, com os [antigos] encontros ACARTE [Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte da Fundação Gulbenkian] e o Festival Internacional de Lisboa, que entretanto deixaram de existir, teve esse papel importante de colocar não apenas os espectadores como também os criadores em contacto com aquilo que de melhor se fazia lá fora”, frisou.

Questionado pela Lusa sobre o montante do orçamento do festival, Rodrigo Francisco disse rondar os “626 mil euros”, num “financiamento praticamente tripartido entre o Ministério da Cultura, a Câmara Municipal de Almada e a própria Companhia

Este ano a edição do festival não contará com a homenagem a nenhuma personalidade do teatro, devido à pandemia, disse Rodrigo Francisco, acrescentando tratar-se de uma iniciativa que “regressará na edição de 2022”.

Embora sem tema específico, a 38.ª edição conta com alguns espetáculos subordinados ao tema África e ao passado colonial que alguns países têm com este continente, referiu ainda Rodrigo Francisco.

Esta edição do Festival abre com a primeira de duas estreias da CTA – “Hipólito”, de Eurípides, numa encenação de Rogério de Carvalho, que subirá a palco, a 02 de julho, no Teatro Joaquim Benite, dando continuidade ao espetáculo “Fedra”, de Racine, que encenou para a Companhia em 2006.

Com apenas três representações no festival, “Hipólito” regressará ao teatro municipal no início de 2022, disse ainda o diretor da CTA.

“Amitié" ("Amizade”), de Eduardo De Filippo e Pier Paolo Pasolini, uma encenação de Irène Bonnaud estreada no Festival d'Avignon em 2019, “History of violence" ("História de violência") do autor francês Édouard Louis, sobre a violação de que foi alvo, numa encenação de Ivica Buljan, outro regresso ao Festival, “Aurora Negra”, de Cleo Tavares, Isabél Zuaa e Nádia Yracema, a estreia de “Duas personagens”, uma obra tardia de Tennessee Williams, com encenação de Carla Galvão e Sara de Castro, contam-se entre as propostas de sala desta edição do festival.

“Who killed my father" ("Quem matou o meu pai") é o segundo texto de Édouard Louis representado no festival.

A peça é encenada pelo belga Ivo Van Hove que, segundo Rodrigo Francisco, é “um dos encenadores mais conceituados da atualidade”.

“Tierras del sul" ("Terras do Sul”), uma criação de teatro documental da basca Laida Azkona Goñi e do chileno Txalo Tolosa-Fernández, sobre a barbárie das novas formas de colonialismo na Patagónia, “Omma”, a nova criação de Josef Nadj, “Corpo suspenso”, uma criação e interpretação de Patrícia Couveiro e Rita Neves sobre “o que ficou no corpo do pai de Rita Neves das memórias da Guerra Colonial”, são outras das propostas do Festival.

Um dos pontos altos do certame deste ano ocorre a 10 e 11 de julho quando, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, a atriz Mónica Bellucci se estrear em teatro a representar “Maria Callas – Letres et mémoires" ("Maria Calas – Letras e memórias”).

Dirigida por Tom Volf, reconhecido especialista na vida e obra da que é considerada a maior cantora lírica de todos os tempos, o espetáculo consiste na adaptação para palco de uma investigação realizada ao longo de sete anos pelo fotógrafo e realizador de cinema Tom Volf, que revelou “uma Maria Callas desconhecida”.

A peça “Um gajo nunca mais é a mesma coisa”, com texto e encenação de Rodrigo Francisco, numa coprodução CTA e ACTA - A Companhia de Teatro do Algarve, é a segunda estreia da companhia anfitriã, nesta edição do festival.

Com dez representações na Sala Experimental do Teatro Joaquim Benite, trata-se de um texto baseado em relatos reais de combatentes portugueses na Guerra Colonial, que Luis Vicente, um dos intérpretes, considerou “um poema dramático”.

De regresso ao Festival está, como é hábito, o espetáculo de honra do ano anterior, “Rebota rebota y en tu cara explota”, este ano com o título “Ri-te, ri-te que logo choras”, uma criação de Agnes Mateus e Quim Tarrida, falado em castelhano e legendado em português.

“A lua vem da Ásia”, uma encenação e interpretação do ator brasileiro Chico Diaz, que se estreia no Festival, do romance homónimo de autor surrealista brasileiro Walter Campos de Carvalho (1916-1998), e “Fake”, de Miguel Fragata e Inês Barahona, também estão na programação.

“O canto do cisne”, de Clara Andermatt, e “Planeta dança – capítulo 4”, pela Companhia Nacional de Bailado, são os espetáculos de dança a apresentar no festival.

“Discurso sobre o filho-da-puta”, a partir do texto homónimo de Alberto Pimenta, numa criação e direção de Fernando Mora Ramos e do compositor Miguel Azguime, “Molly Bloom”, uma encenação de Viviane de Muynck e Jan Lauwers, a partir do último capítulo do livro “Ulisses”, de James Joyce, e um espetáculo que tenta repor a verdade da história pessoal do dançarino de flamenco, são outras das propostas do programa do 38.º Festival.

“Viagem a Portugal”, pelo Teatro do Vestido, espetáculo que esteve previsto para a edição de 2020 do festival, está também na programação, que encerra com “Lorenzaccio”, uma encenação de Rogério de Carvalho para o teatro do Bolhão, da obra homónima de Alfred de Musset.

Os encontros da Cerca, a realizar na Casa da Cerca durante as tardes de quatro sábados, subordinados ao tema “1971 -2021: 50 anos da Companhia de Teatro de Almada”, que terão como moderadores Eugénia Vasques, José Mário Silva, Carlos Vargas e Teresa Albuquerque, constam do programa paralelo. O resultado destes encontros será publicado, no segundo semestre deste ano, em livro, que terá como coordenadora a especialista de teatro Eugénia Vasques.

Colóquios na esplanada com os criadores portugueses e estrangeiros das criações apresentadas no Festival, a iniciativa Sentido dos Mestres, que nesta edição é coordenada pelo coreógrafo, bailarino e artista visual Josef Nadj, o lançamento do sétimo volume do livro da coleção "O Sentido dos Mestres" (“A dança como arma”, de Madalena Victorino), também constam da programação paralela.

Há ainda uma exposição do artista plástico e cenógrafo José Manuel Castanheira sobre os 50 anos da Companhia de Teatro de Almada, e outra mostra do artista plástico inglês Thomas Langley, autor da imagem desta edição do Festival.

A edição deste ano do festival decorre em sete teatros de Almada e Lisboa: Teatro Municipal Joaquim Benite, Fórum Romeu Correia, Incrível Almadense, Academia Almadense, Teatro-Estúdio António assunção (Almada) e Centro Cultural de Belém e Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa).

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