Mobilizando intérpretes como os pianistas Nelson Freire, Mário Laginha e Cédric Tiberghien, e orquestras como a Gulbenkian, a Sinfónica Portuguesa e Le Poème Harmonique, de Vincent Dumestre, o festival será “testemunho das contaminações entre o ‘velho mundo’ e as sucessivas novas práticas sociais", que impulsionaram as mudanças para a modernidade, nas artes e da música, lê-se na apresentação.

Dedicada ao tema “Da Corte às Ruas”, com Sintra por cenário, onde estiveram situados o Paço Real e os Palácios da Corte portuguesa, esta edição propõe-se mostrar como "a música sempre foi parte importante do quotidiano das comunidades e ninguém, em parte alguma", lhe ficou indiferente, "das igrejas aos palácios, dos salões da burguesia à ópera", "bairros populares e à música doméstica".

O pianista Nelson Freire, acompanhado pela Orquestra Gulbenkian, dirigida por Raphael Oleg, abre o festival, no Centro Cultural Olga Cadaval, no dia 6 de setembro, com o Concerto para piano de Edvard Grieg e a 7.ª Sinfonia de Dvorák.

Nelson Freire, ligado ao festival de Sintra desde o seu início, é definido como “uma das maiores lendas vivas do piano no mundo”, pela organização.

A Orquestra Académica Filarmónica, dirigida pelo maestro e fundador Osvaldo Ferreira, estreia-se no festival, com a pianista russa Kristina Miller, como solista, num dos dois concertos de Chopin.

Neste “concerto de descentralização”, que terá lugar em São João das Lampas, no dia 8 de setembro, será também interpretado "Pássaro de Fogo", de Stravinsky, e estreada uma nova obra de Anne Victorino D’Almeida.

A Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, dirigidos por Graeme Jenkins, vão levar, ao centro Olga Cadaval, no dia 12 de setembro, a primeira audição moderna de "Matuttini dei Morte", do compositor João Domingos Bomtempo.

Trata-se da primeira etapa da revelação da obra do mais internacional dos pianistas e compositores portugueses da primeira metade do século XIX, um projeto a dois anos que envolve a interpretação de quatro Responsórios, este ano, e de cinco, em 2020.

A interpretação prevê igualmente a gravação ao vivo para posterior edição discográfica, para assinalar o 200.º aniversário da estreia da obra, em 1822, na transladação do corpo de Maria I para a Basílica da Estrela, em Lisboa.

No dia 13 de setembro, na Igreja de Belas, e no dia 14 de setembro, na Igreja de Montelavar, serão ouvidas as "Variações Goldberg", compostas para cravo por Johann Sebastian Bach, na transcrição para cordas, pelo trio do violoncelista Pavel Gonziakov e das violinistas Tatiana Samouil e Natalia Tchitch.

A soprano portuguesa Ana Quintans, “a mais relevante e internacional cantora portuguesa da atualidade”, e o pianista Filipe Raposo, vão apresentar, em 15 de setembro, no Palácio de Queluz, o programa "Women Under Influence", um cruzamento de canções renascentistas com as mais contemporâneas versões de repertório urbano do século XX, em arranjos do compositor e pianista.

Durante o mês de setembro, o festival vai receber ainda a Orquestra Jovem Sopros de Sintra, a pianista russa Ana Federova, a violinista coreana Soyoung Yoon e o pianista francês Cédric Tiberghien.

Historicamente marcado pelo ciclo de piano, a edição deste ano, depois da abertura com Freire, terá em Tiberghien outro dos protagonistas, com um programa dedicado a Beethoven e Chopin.

O agrupamento de época Le Poème Harmonique, fundado por Vincent Dumestre em 1998, regressa a Portugal, depois de se ter apresentado em iniciativas como o antigo Festival de Música de Mafra e os antigos Concertos Em Órbita, em 2001, quando apresentou em Lisboa as "Lamentações do Profeta Jeremias", de Cavalieri.

Assim, no dia 18 de setembro, Dumestre e os seus músicos apresentar-se-ão no Palácio de Queluz, com o programa "Danza!", sobre a assimilação de danças espanholas em França, no século XVII.

O pianista chinês Xyniuan Wang, vencedor do prémio do público da competição internacional de Leeds, o programa "De la musique avant toute chose", concebido por João Paulo Santos, sobre a poesia de Paul Verlaine, para a voz do tenor Marco Alves dos Santos, vão passar pelo Palácio de Queluz e pelo Palácio da Vila, nos dias 24 e 25 de setembro, respetivamente, em Sintra.

“Da Corte às Ruas”, programa sobre a música portuguesa do século XVIII, com a soprano Joana Seara e o barítono João Fernandes, elaborado pela orquestra Músicos do Tejo, de Marcos Magalhães e Marta Araújo, vai estar no Palácio de Queluz no dia 27 de setembro.

O pianista Mário Laginha e o seu trio vão atuar no Olga Cadaval, no dia 28 de setembro. Abrem caminho a “Summer Sunday”, "pastoral cómica-trágica-ecológica", de Joseph Horovitz.

Com encenação de Carlos Antunes e direção de Manuel Líbano Monteiro, “Summer Sunday”, envolve o Coro Allegro e o coro infantil Voci, os solistas Joana Seara, Marco Alves dos Santos e Hugo Oliveira. A conceção vídeo do espetáculo é de Miguel Matos.

O concerto de encerramento ficará a cargo da Orquestra Chinesa de Macau, dirigida por Liu Sha, em 1 de outubro, Dia Mundial da Música.

A orquestra atua no âmbito das celebrações do 40.º aniversário das relações diplomáticas entre Portugal e China, e do 20.º aniversário da transferência de Macau para a administração chinesa.

“A música foi sempre uma parte importante do quotidiano das comunidades na Europa moderna, numa comunicação constante entre a Corte, a Igreja e o espaço popular”, lê-se na apresentação do certame.