Elisabete Paiva, diretora artística da Materiais Diversos, associação com sede em Minde, no distrito de Santarém, afirmou à agência Lusa, em setembro, que a programação deste ano vem aprofundar a “prática de tornar visível o movimento de relações, de construção de parcerias, de encontros, de convívio”, desenvolvida na programação regular ao longo de cada biénio que separa os festivais.
A programação é marcada pelo território onde o festival acontece, na Serra d’Aire e Candeeiros e no Polje de Mira-Minde, inspirada pelos “movimentos subtis” das montanhas, das rochas, da água, e com algumas atividades sobre a natureza e os rios, no Centro de Ciência Viva do Alviela.
O festival arranca hoje, em Minde, com a criação de um “ponto de encontro” no meio da Praça da República, onde, com as coletividades e associações, se vai falar do festival, degustar iguarias locais, brindar e dançar.
“Decadência”, de Cátia Terrinca/UMCOLETIVO, a partir do texto homónimo de Judith Teixeira, num trabalho de redescoberta de escritoras portuguesas do século XX, tem estreia marcada para hoje, às 19h30.
Além do trabalho de Cátia Terrinca, que apresentará, ainda, “Mil e Uma Noites”, a partir de mulheres do concelho de Alcanena com produção literária, será mostrada a coprodução “KdeiraZ”, de Natália Mendonça, “espetáculo para crianças que traduz um investimento continuado na aproximação de jovens públicos à dança, nomeadamente através de oficinas e residências artísticas”.
No âmbito do apoio a artistas do distrito de Santarém, através da bolsa “Fios do Meio”, será apresentada a antestreia de “Didascálias”, de Giovanna Monteiro e Leonor Mendes, e, no âmbito da bolsa “Novos Materiais”, a criação “La Burla”, de Bibi Dória e Bruno Brandolino.
A partir do espetáculo “Coreografia”, projeto associado da Materiais Diversos em 2020-2022, João dos Santos Martins levará às escolas “Coreografia em sala de aula”.
Da colaboração com o Agrupamento de Escolas de Alcanena na programação regular que a Materiais Diversos desenvolve neste território, será mostrada uma exposição de materiais desenvolvidos nas oficinas “Corpo Comum”, orientadas por Marta Tomé e Raquel Senhorinho, com as turmas de 5.º e 7.º ano.
A programação inclui, ainda, a performance-instalação “Las Lámparas”, de Letícia Scrycky, em que som e luz são usados para procurar “ativar um estado primordial de observação como aquele que se sente quando se contempla o fogo”.
“All in the air is bird”, de María Jerez e Élan d’Orphium, “uma aproximação ao universo sonoro dos pássaros”, que “aprofunda uma pesquisa em práticas de colaboração entre elementos humanos e não humanos”, e “O Banquete das Saudades”, de Anne Lise Le Gac, que “propõe uma experiência partilhada através de sabores e receitas que falam de saudades”, são propostas que “incitam ao desaceleramento, desafiam a perceção e a memória”.
Na ligação a “outros territórios”, o festival apresentará “Boca Fala Tropa”, de Gio Lourenço, colocando “à vista trânsitos entre Angola e Portugal”, e “a besta, as luas”, uma performance de Elisabete Francisca, que, “através de gestos e sons, enuncia uma representação possível da geografia política de um corpo não submisso”.
Na música, o Materiais Diversos traz, no domingo, Bernardo Branco, com “Cantar de Ouvido”, álbum de música popular e urbana que será lançado em breve, e chica, com “as sonoridades do folk, anti-folk e jazz em parelha com o elemento principal da sua música – o diálogo” a encerrar o festival a 15 de outubro.
Além do “ponto de encontro”, que estará na Praça da República de hoje a sábado e no Cineteatro São Pedro de 10 a 14, voltam as “mesas longas”, com atores e parceiros locais a discutirem temas como “o papel das comunidades de aprendizagem na educação, a conservação dos rios e ecossistemas ribeirinhos, o futuro dos jovens ou o papel das instituições culturais”.
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