De acordo com um comunicado divulgado pela organização, as datas do certame internacional dedicado à arquitetura foram marcadas 20 de maio a 26 de novembro de 2023, com uma pré-inauguração nos dias 18 e 19 de maio.

Lesley Lokko, arquiteta, professora e escritora, foi membro do júri da exposição realizada este ano, que encerrou em novembro com mais de 300 mil visitantes, e na qual Portugal esteve representado com o projeto "In Conflict", do coletivo depA, do Porto.

Nos últimos trinta anos, Lokko trabalhou em arquitetura e em literatura, tendo sempre como linha de interesse a relação entre a raça, a cultura e o espaço.

"Há uma nova ordem mundial a emergir, com novos centros de conhecimento, de produção e de controlo", disse a curadora, acrescentando que "novos públicos estão também a surgir, famintos de novas narrativas, diferentes instrumentos e linguagens sobre o espaço, forma e lugar".

Após dois anos "dos mais difíceis e fraturantes de que há memória, os arquitetos têm a oportunidade única de mostrar ao mundo o que fazem de melhor: avançar com ideias ambiciosas e criativas que ajudem a imaginar um futuro mais justo, equitativo e otimista em conjunto", defendeu a curadora citada no comunicado.

Por seu turno, Roberto Cicutto considerou que "os curadores das bienais sempre tentaram, através dos participantes que convidam, apresentar uma panorâmica compreensiva de temas e projetos que possam lidar com cenários do futuro".

"A escolha de Lesley Lokko é um convite a uma personalidade internacional que possa interpretar a sua própria posição no debate contemporâneo sobre a arquitetura e as cidades, tendo como ponto de partida um continente que se está gradualmente a tornar um laboratório de experimentação e propostas para o mundo contemporâneo. Acredito que esta imersão na realidade é a melhor forma de dialogar com as questões levantadas pela exposição de 2021 do curador Hashim Sarkis", sustentou o presidente do conselho diretivo da Bienal de Veneza, numa alusão ao desafio lançado pelo anterior curador, sintetizado na pergunta "como vamos viver juntos?".

Entre 2019 e 2020, Lesley Lokko foi professora e reitora da Escola de Arquitetura Bernard e Anne Spitzer da City College de Nova Iorque, além de ocupar vários cargos de ensino em Joanesburgo, Londres, Sidney, Acra e Edimburgo, na Escócia, país onde também cresceu.

A arquiteta, curadora e académica estabeleceu, em 2015, a Graduate School of Architecture (GSA) na Universidade de Joanesburgo, a primeira e única escola africana dedicada à pós-graduação em arquitetura, e regressou a Accra, no Gana, em 2021, onde criou o African Futures Institute, uma plataforma de eventos públicos e escola de pós-graduação em arquitetura.

Entre outros prémios, foi distinguida com o RIBA Annie Spink pela Excelência em Educação 2020, e, em 2021, recebeu o Prémio Ada Louise Huxtable pelo contributo para a arquitetura.

Em 2004, fez a transição da arquitetura para a literatura de ficção com a publicação da novela "Sundowners", seguindo-se mais de uma dezena de títulos, de que o mais recente, "The Lonely Hour" será publicado em 2023.

Lesley Lokko é fundadora e editora da publicação Folio, Jornal de Arquitetura Africana Contemporânea.

O arquiteto libanês Hashim Sarkis foi o curador da exposição deste ano, que teve como tema "How will we live together?" ("Como vamos viver juntos?").