A edição contempla, entre outras, as parcerias com o violinista Augustin Dumay e o violoncelista António Meneses, que estão presentes, respetivamente, na mais antiga e na mais recente gravação desta série: as Sonatas para violino e piano de Mozart (1991) e o recital do Wigmore Hall de 2012.

No “booklet” que acompanha a edição, a escritora e crítica Jessica Duchen afirma que “a música de câmara sempre constituiu o coração da musicalidade” da pianista lisboeta, que completa 72 anos no próximo dia 23.

Jessica Duchen realça que Maria João Pires, que se estreou em público aos quatro anos, sempre disse ser “mais feliz trabalhando com outros músicos do que a solo”.

O violinista Augustin Dumay é o mais assíduo parceiro nestas gravações. Com o músico francês, Maria João Pires gravou a integral das Sonatas para violino e piano de Beethoven, um disco triplo de 2002, e ainda as Sonatas para violino e piano, de Brahms (1992), assim como as Sonatas de César Franck e de Claude Debussy, além da “Berceuse sur le nom de Gabriel Fauré”, “Pièce en forme de habanera” e “Tzigane”, de Ravel (1995), assim como as Sonatas para violino de Grieg (1993).

Foi com Dumay que Maria João Pires iniciou, em 1991, a série de gravações de música de câmara, na editora alemã, com um programa dedicado a sonatas para violino e piano, de uma fase mais madura, de Mozart, designadamente as Sonatas K.379 (K.373a), K.378 (K.317d), K.304 (K.300c) e K.301 (K.293a).

Maria João Pires e Dumay, com o violoncelista chinês Jian Wang, gravaram ainda trios para piano de Brahms (n.ºs 1 e 2) e de Mozart (K.496 e K.502) (1997).

O Quinteto com piano de Robert Schumann e a Sonata para violoncelo e piano, em sol menor, de Fréderic Chopin, dão forma a outro dos 12 discos desta caixa. Neste álbum de 2008, além de Dumay, ex-diretor artístico da Orquestra Metropolitana, Maria João Pires toca com o violinista Renaud Capuçon, o violetista Gérad Caussé e os violoncelistas Jian Wang e Pavel Gomziarkou.

Com o oboísta Douglas Boyd, a pianista gravou “Fantasiestücke”, obra composta por Schumann aos 39 anos. Sobre esta gravação de 1995, a DG afirma que os dois músicos transformam cada elemento “num eloquente conto de fadas”.

O recital no Wigmore Hall, em Londres, em janeiro de 2012, com o violoncelista brasileiro Antonio Meneses, constitui a única gravação ao vivo do conjunto.

Pires e Meneses, nesse concerto, editado em disco em 2013, ofereceram a Sonata "Arpeggione", de Franz Scubert, a "Canção sem palavras", op. 109, de Mendelsshon, os três "Intermezzi", op. 117, e a Sonata n.º1, para violoncelo e piano, de Brahms, além da transcrição, para os dois instrumentos, da ária da Pastoral BWV 590, de Bach, como 'encore'.

Esta caixa faz parte da edição comemorativa dos 70 anos de Maria João Pires, que compreendeu, em junho de 2014, o conjunto de 20 discos, com as gravações a solo da pianista, e, em abril de 2015, os cinco álbuns com as gravações com orquestra, feitas ao longo de mais de duas décadas, para a etiqueta germânica.

A pianista luso-brasileira Maria João Pires foi galardoada, em setembro do ano passado, com o Prémio Gramophone, na categoria Concerto, pela gravação dos Concertos n.ºs 3 e n.º4, para piano e orquestra, de Beethoven, com a Sinfónica da Rádio Sueca e o maestro Daniel Harding. Esta gravação marcou a estreia da pianista na discográfica Onyx.

A presente caixa surge a par de outras edições comemorativas da Deutsche Grammophon, como a integral da obra para piano de Erik Satie, por Jean-Yves Thibaudet, a integral das obras orquestrais de Maurice Ravel, com a Orquestra de Zurique e o maestro Lionel Bringuier, e aquelas que a editora considera as "dez grandes interpretações" históricas da Filarmónica de Berlim, com maestros como Ferenc Fricsay, Eugen Jochum, Carlo Maria Giulini, Bernard Haitink, Lorin Maazel, Igor Markevitch e Claudio Abbado.