O ator norte-americano Johnny Depp mostrou-se irritado esta segunda-feira, ao concluir o seu interrogatório no julgamento por difamação contra a sua ex-mulher, Amber Heard, que avançou após esta o ter acusado de violência doméstica.

Ao oitavo dia de audiências do processo, que decorre num tribunal de Fairfax, perto de Washington DC, foram reproduzidas gravações de discussões acaloradas do casal.

"Cala-te, gorda", diz a estrela de "Piratas das Caraíbas", de 58 anos, a Heard numa gravação.

Noutro áudio, a protagonista do filme "Aquaman", de 36 anos, acusa Depp de "agredi-la".

O ator nega ter abusado fisicamente de Heard, afirmando que era ela quem agia frequentemente com violência.

Depp apresentou uma ação por difamação contra Heard por causa de uma coluna que ela escreveu no jornal The Washington Post em dezembro de 2018, na qual se descreveu a si mesma como uma "figura pública que representa o abuso doméstico".

Heard nunca citou Depp, mas ele processou-a por insinuar ser um abusador e pede 50 milhões de dólares em danos.

A atriz contra-atacou, pedindo 100 milhões de dólares e alegando que sofreu "violência física e abuso desenfreado" da parte dele.

Os atores conheceram-se em 2009 no set do filme "O Diário a Rum" (2011) e casaram-se em fevereiro de 2015. O seu divórcio foi concluído dois anos depois.

Amber Heard a falar com advogados na sessão de 25 de abril

Os advogados de Heard fizeram muitas perguntas a Depp sobre o seu consumo de drogas e álcool durante os três dias em que ele se sentou no banco dos réus.

"Se alguém teve um problema com a minha forma de beber, em algum momento da minha vida, fui eu", respondeu.

"A única pessoa de quem abusei na minha vida foi de mim mesmo", reforçou.

O advogado de Heard, Ben Rottenborn, também tentou convencer o júri de sete pessoas que acompanha o caso que as acusações contra Depp eram anteriores ao artigo no The Washington Post.

Rottenborn destacou que Heard havia apresentado uma ordem de restrição temporária contra Depp em Los Angeles em maio de 2016, na qual alegou abuso e citou várias manchetes da comunicação social.

Depp respondeu que todas estas notas tentavam influenciar a opinião pública, apresentando informação falsa ou enviesada. Também diminuiu a importância da linguagem dura que usou para descrever Heard em mensagens de texto enviadas a vários amigos.

"É só humor irreverente e abstrato", disse.

Depp apresentou o processo por difamação nos EUA depois de perder outro caso por difamação em Londres em novembro de 2020 que apresentou contra o jornal The Sun por chamá-lo de "espancador de mulheres".